Dentro da enorme diversidade de espécies de abelhas sem ferrão, é preciso selecionar a que melhor se adeque ao objetivo do meliponicultor. Esta é uma fase importante do processo, uma vez que a grande diversidade pode acabar confundindo o meliponicultor, fazendo com que a escolha não seja a melhor. É preciso tirar proveito do alto número de espécies e opções que se tem, ao invés de deixar isso atrapalhar a criação. É comum vermos criadores apaixonados que querem abraçar todas as espécies ao mesmo tempo e acabam se perdendo e não avançam concretamente em nenhuma delas. É óbvio que isto vai depender do objetivo do criador, que no caso da comercialização de colônias precisa ter uma grande variedade. Porém no caso da produção de mel, por exemplo, a criação de muitas espécies acaba gerando uma despadronização do seu produto e baixa produtividade em cada uma das espécies.
Isto não quer dizer que seja ruim criar várias espécies. A criação de várias espécies como animais de estimação é de grande valor, até mesmo porque traz outras oportunidades para o meliponicultor futuramente. Porém, esta atividade deve ser colocada no seu devido lugar e ter dedicação de tempo condizente com sua importância.
A escolha de espécie deve levar em consideração a área de ocorrência natural da espécie, pois além de atualmente a legislação Brasileira ainda não permitir a criação de espécies não-endêmicas, o principal motivo é a adaptação das espécies às condições climáticas e da flora da região. Espécies nativas se desenvolvem muito bem e produzem mais em suas regiões naturais de ocorrência.
O próximo critério é o objetivo do meliponicultor. Como discutido anteriormente, existem espécies mais adequadas para produção de mel (Tabela 1), outras para pólen e finalmente outras para própolis. Se o objetivo for polinizar culturas, existem espécies adequadas para cada cultura, de forma que isto deve ser analisado. Espécies mais mansas devem ser utilizadas para turismo ecológico, educação ambiental e paisagismo.
Tabela 1: produtividade média de mel (por colônia/ano em Litros) de quatro espécies de abelhas sem ferrão nativas do estado de São Paulo. Estes números podem variar consideravelmente dependendo das condições da colônia e da abundância de pasto apícola.
Espécie Produtividade média (máximo) [número amostral] Fonte (autor)
M. quadrifasciata (mandaçaia) 2,0 (5,0) [n = 50] Valdemar Monteiro (com. pessoal)
M. rufiventris (uruçu amarela) 3,0 (5,0) [n = 25] Lima Verde (com. pessoal)
S. depilis (mandaguari) 2,5 (3,5) [n = 20] Ayrton Vollet (com. pessoal)
Tetragonisca angustula (Jataí) 1,0 (2,7) [n = 100] Jean Julien (com. pessoal)
A seguir detalharemos alguns aspectos das principais espécies endêmicas do estado de São Paulo, a fim de criar subsídios iniciais aos criadores para uma primeira avaliação em uma futura escolha de espécies para seu propósito. É importante deixar claro que são apenas descrições superficiais e teóricas, sendo que o ideal é o meliponicultor ter um contato com todas as espécies antes de escolher uma, além de buscar outras fontes de informações sobre elas antes da escolha.
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