sábado, 2 de dezembro de 2017

Flores projetam halos de luz azul para atrair abelhas (estudo)

Fonte: nsc Santa


Centenas de espécies de flores desenvolveram a capacidade de projetar halos de luz azul invisíveis para os humanos para atrair abelhas polinizadoras, revelaram cientistas em um estudo publicado.
Em experimentos de laboratório, mamangavas (abelhas do gênero bombus) foram atraídas por flores sintéticas projetadas para gerar o mesmo tipo de anéis ultravioleta, segundo a pesquisa publicada na revista científica Nature.
"O efeito ocorre na parte ultravioleta do espectro óptico que não podemos ver", disse à AFP o coautor do estudo, Ullrich Steiner, pesquisador do Instituto Adolphe Merkle em Friburgo, na Suíça. "Mas as abelhas podem".
Os pesquisadores ficaram surpresos com os resultados.
Para começar, a arquitetura em nanoescala da planta produzindo esses halos azuis parece desordenada e varia significativamente de flor para flor.
"Nós sempre presumimos que a desordem que observamos nas superfícies de pétalas era apenas um subproduto acidental da vida - que as flores não podiam fazer melhor que isso", disse o autor sênior Beverly Glover, diretor do Jardim Botânico da Universidade de Cambridge.
"Mas a desordem que vemos na nanoestrutura de pétalas parece ter sido aproveitada pela evolução e acaba ajudando a comunicação floral com as abelhas".
A parceria entre os insetos e as plantas com flores começou mais de 100 milhões de anos atrás.
O mecanismo de reprodução dos animais funciona através da atração sexual. Mas as plantas, enraizadas no chão, tiveram que encontrar outra estratégia para se reproduzir. Elas precisavam de intermediários.
- Mistério resolvido -
Aí entram os pássaros e as abelhas, junto com o vento e qualquer veículo que possa transportar o pólen de uma flor para outra.
Estudos anteriores mostraram que as abelhas em busca de plantas que fornecem néctar são atraídas por odores, mas na maioria das vezes sua escolha é influenciada pelas cores e formatos das pétalas.
As abelhas são especialmente sensíveis à banda de cores no espectro de luz onde o azul se gradua em ultravioleta.
De alguma forma, algumas plantas são geneticamente programadas para "saber" disso. E, no entanto, paradoxalmente, o azul é uma cor relativamente incomum em flores.
"Muitas flores carecem da capacidade genética e bioquímica para manipular a química do pigmento no espectro azul para ultravioleta", disse a coautora Silvia Vignolini, bioquímica da Universidade de Cambridge.
Então, arrumar as moléculas nas pétalas de modo que a luz solar refletida produza um halo azul surgiu como uma estratégia evolutiva para atrair polinizadores.
Esse mecanismo evoluiu "muitas vezes em diferentes linhagens de flores, convergindo, em todos os casos, para esse sinal óptico para polinizadores", disse Glover.
Cientistas não envolvidos no estudo disseram que este respondeu algumas perguntas de longa data.
"Os dados fornecem provas abrangentes de que o halo azul é o sinal visual-chave que atrai abelhas", disse Dimitri Deheyn, cientista da Instituição Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia, em San Diego.
"Um mistério foi resolvido", comentou no jornal Nature.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

AS ABELHAS QUE RECUPERAM A VEGETAÇÃO APÓS INCÊNDIOS



Este é o resultado de uma pesquisa feita pela Universidade de Bolonha, Itália, nas costas mediterrânicas italianas e tunisinas, em que confirma-se “o papel do reparador dos insetos polinizadores” nas áreas que sofreram incêndios ou devastação.
Se não existissem outras razões para lutarmos pela preservação das abelhas e insetos polinizadores - as frutas que comemos - bastaria saber que, com a ação destes animais pequeninos que voam ao vento, de flor em flor, a recuperação das áreas devastadas é muito mais rápida e eficaz, assim informa um artigo do Repubblica.it Bolonha.
Simplesmente descobriu-se que a ação das abelhas, mais até do que a de outros insetos polinizadores, é uma peça-chave na recuperação da vegetação após um desastre ambiental que, de outra maneira, levaria desertificação e empobrecimento dos solos.
A abelha se distingue dos outros polinizadores porque pode ser ajudada pelo ser humano para acelerar esse processo - basta para tal que os ramos queimados sejam pincelados com uma mistura adequada que as alimente, algo doce, claro.

O Estudo

O estudo em questão foi realizado entre 2015 e 2016, na Ligúria, em uma área propensa a incêndios. A pesquisa analisou duas áreas de 400 metros quadrados - cada uma foram selecionadas para o experimento de campo - as áreas ficavam distantes poucos quilômetros entre si. Uma delas tinha o benefício de colmeias de abelhas e a outra serviu de controle. Parcelas experimentais foram demarcadas e verificadas a cada quinzena.
Os resultados dizem que, graças à contribuição activa das abelhas em algumas espécies de plantas ocorre um aumento de mais de mais 50% na produção de sementes.
Até hoje não se sabia que as abelhas, para além de polinizarem e produzirem mel, também seriam tão indispensáveis para a manutenção da biodiversidade e para a recuperação de áreas sujeitas a vários tipos de estresse.
A abelha contribui para a polinização das plantas floríferas cultivadas (cerca de 150-200 espécies em todo o mundo) e selvagens (mais de 350 mil), incrementando esse processo reprodutivo em 75-80%.
Essa pesquisa foi realizada no âmbito do Projeto Mediterranean CooBEEration e foi realizada pelo Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Bolonha, com a participação do Departamento de Ciência Agrícola, Florestas e Alimentação da Universidade de Turim e do Instituto Nacional de Agronômico Tunísia
Você poderá conhecer a fundo o projeto CooBEEration aqui em pdf.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

“Viva o Parque Botânico” é lançado neste domingo

Fonte: Governo do Estado do Ceará


Neste domingo (19), às 9h, houve lançamento do Projeto Viva o Parque Botânico, na sede daquela Unidade de Conservação, na CE 090, Km 03, Itambé-Caucaia. O Projeto é de responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), por meio da gestão do Parque Estadual Botânico do Ceará.
Artur Bruno anunciou uma novidade durante o evento: o investimento para o Parque Botânico no exercício de 2018, da ordem de R$ 530.000,00 para reformas estruturais e manutenção do programa Viva o Parque Botânico. O projeto conta com o apoio de diversas instituições parceiras, tais como Faculdade de Tecnologia do Nordeste (Fatene), Colégio Master, Êxito Mercantil, Empresa Vitória e Prefeitura Municipal de Caucaia, através das suas secretarias.
Em seguida, o Secretário participou da aula inaugural do Projeto Meliponário Parque Escola, que tem como objetivo principal disseminar o conhecimento sobre as abelhas sem ferrão aos visitantes do Parque Botânico, ainda vistoriou as obras de reforma e ampliação do viveiro de mudas, que terá capacidade, após a reforma, de produção anual de 150 mil mudas. Por fim, o Secretário participou da apresentação artística dos índios Tapebas, na tenda principal e dançou com eles o Toré.
O Viva o Parque Botânico possui diversas atividades gratuitas para toda a família, e será realizado sempre aos domingos, das 8h às 12h. Dentre as atividades: dança, apresentações culturais, brincadeiras infantis, pintura facial, contação de histórias, trilhas ecológicas, doações de mudas e muito mais.
A solenidade de abertura contou com a presença do Secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno; do secretário adjunto, Fernando Bezerra; o vice presidente do IMAC , Plínio Veras, representando o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim; o vice presidente da FATENE, Lamark Mesquita; Suellen, representando o Colégio Master da Bezerra de Menezes; Cláudio Araújo, representando a empresa Vitória, o ex-vereador de Caucaia, Augustinho Ferreira, Conceição Reis, coordenadora de extensão da FATENE e Francisco, representando o SESC IPARANA.

sábado, 30 de setembro de 2017

Criar abelhas sem ferrão na cidade ajuda o meio ambiente, diz Embrapa

Fonte: Globo Rural

Pesquisador da dicas de como criar os insetos, que podem produzir mel em casa desde que se cuide do ambiente

Criando abelhas em casa, é possível produzir mel para consumo próprio. (Foto: Divulgação/Embrapa)
Preservar a vida das abelhas nas cidades também é um ato de preocupação com a conservação do meio ambiente. E segundo o biólogo Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA), é possível criar abelhas sem ferrão em casa, desde que se tome alguns cuidados básicos com o ambiente. O benefício, além de ambiental, é que as pessoas podem produzir o próprio mel para consumo. Além disso, a atividade estimula crianças a entender a importância desses insetos na produção de alimentos.
“O Brasil precisa desenvolver técnicas de criação de abelhas em larga escala para atender a grande demanda tanto de polinização das plantas, como à produção de mel, pólen, própolis e geleia real, por exemplo”, afirma Cristiano, que estuda a biologia e o manejo de abelhas sem ferrão há 13 anos.
Criar abelhas dentro de casa, em um espaço urbano, também pode levar as pessoas a refletirem mais sobre importância de se preservar o meio ambiente. “Um benefício que vejo nessa atividade, é que a população passa a se comportar com consciência ambiental, evitando o acúmulo de lixo e preservando árvores para alimentar esses animais”, explica o pesquisador.
Cristiano ainda destaca que essa atividade, ainda pouco explorada no Brasil, é interessante porque torna possível “produzir o seu próprio mel na cidade, amenizando o impacto do choque entre o meio rural e a zona urbana”. Até mesmo as crianças podem se envolver na criação de abelhas, abrindo espaço para que elas participarem ativamente da natureza.
No entanto, para obter sucesso na atividade, Cristiano Menezes lista alguns cuidados que devem ser tomados. 
Como criar abelhas sem ferrão
- Ter noção do ambiente para as abelhas. É necessário que se more próximo à uma vegetação abundante, como perto de praças;
- Iniciar a criação com três ou quatro colmeias e ir aumentando à medida que as abelhas vão se desenvolvendo e o criador ganhando experiência;
- Manter em casa ou próximo dela, plantas ornamentais e fruteiras que são fundamentais na alimentação desses pequenos animais, como jabuticabeira, pitanga, goiabeira e até hortaliças, como manjericão. É preciso ter muito cuidado com o sol. As colmeias não podem ficar expostas ao sol das 10 horas da manhã às 3 da tarde;
- Escolher as espécies que se adaptam ao meio urbano é importante. As que mais se adaptam são a Jatair, Marmelada e Mandaguari;
- Jamais criar abelhas nativas de outras regiões, como por exemplo, uma espécie do Nordeste, como a Tiúba, na região Sul.
Os diferentes aspectos do mundo das abelhas serão discutido durante o Simpósio sobre Perda de Abelhas, em Teresina, entre os dias 16 e 18 de outubro deste ano. O evento, realizado pela Embrapa Meio-Norte, vai reunir um time de cerca de 200 experientes cientistas brasileiros e internacionais.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Rainha de abelhas sem ferrão não castra operárias

Fonte: Jornal da USP

Estudo mostra ainda que ancestrais de espécies permitiam às operárias se reproduzirem nos ninhos

Pesquisa estudou comportamento reprodutivo das colmeias e a composição química do feromônio das rainhas de 21 espécies de abelhas sem ferrão brasileiras e australianas – Foto: Gilberto Romeu Winter/Wikimedia Commons
Conflitos de classe nos ninhos de abelhas sem ferrão são resolvidos mais democraticamente que nos de abelhas europeias, como as do gênero Apis, pelo menos no que diz respeito ao comportamento reprodutivo.
Ao contrário das rainhas europeias, as representantes dos trópicos não realizam castração química das operárias. O feromônio (odor característico dos componentes químicos que revestem seus corpos) apenas sinaliza sua presença no ninho, não guardando relação com controle de colocação de ovos no ninho. E, mais, essas espécies evoluíram de um grupo ancestral cujas operárias botavam ovos mesmo na presença da rainha.
Nas colmeias de abelhas sem ferrão não somente inexiste castração química como a rainha fértil, botando ovos regularmente na colônia, traz benefícios indiretos às operárias. A tese dos pesquisadores é a de que outros fatores, além dos genéticos (veja adiante), atuam na evolução dessas características, como os ecológicos.
Esses são os primeiros achados do trabalho de Tulio Marcos Nunes, pesquisador da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, publicados em edição recente da Nature Ecology & Evolution. Nunes estudou o comportamento reprodutivo das colmeias e a composição química do feromônio das rainhas de 21 espécies de abelhas sem ferrão brasileiras e australianas.
Rainhas de abelhas sem ferrão, nativas de regiões tropicais, não realizam castração química de suas operárias – Foto: Norberto P. Lopes / Divulgação
Nem todas as espécies tinham dados comportamentais descritos pela ciência. A equipe completou os estudos com o apoio de colegas do Laboratório de Comportamento e Genética de Insetos Sociais da Universidade de Sydney, Austrália.
Já as informações dos hidrocarbonetos cuticulares (feromônio) da rainha são todas inéditas. Os pesquisadores quantificaram e analisaram cada um dos conteúdos químicos de pelo menos uma rainha de cada espécie, com a supervisão do professor Norberto Peporine Lopes, chefe do Núcleo de Pesquisa em Produtos Naturais e Sintéticos da FCFRP. O projeto que deu origem ao estudo foi financiado pela Fapesp.

Abelhas pouco estudadas

Num momento em que cientistas alertam para o possível desaparecimento de polinizadores naturais, com riscos para a agricultura, conhecimentos quanto à adaptação evolutiva das espécies sem ferrão nas regiões tropicais interessam não só aos acadêmicos.
Representantes da tribo Meliponini, esse é “um grupo de abelhas extremamente diverso e pouco estudado”, comenta o pesquisador. Popularmente chamadas abelhas sem ferrão ou abelhas indígenas sem ferrão, são nativas e abundantes no Brasil. Mas ocorrem em toda área tropical do mundo – Américas do Sul e Central, África, Ásia e Oceania. Hoje, estão descritas mais de 600 espécies com comportamento e ecologia bem variados.
Nunes espera obter informações para compreender melhor a evolução do comportamento social desses insetos, como eram suas sociedades e como estão organizadas atualmente. Mas, através dos últimos dados, conseguiu verificar como as operárias das espécies sem ferrão respondem ao feromônio da rainha (ou pelo menos à presença ou ausência dela) no controle de colocação de ovos.
E isso foi possível, não apenas observando o comportamento das abelhas em laboratório, mas analisando os compostos químicos das cutículas das rainhas. Em três espécies – Friesella SchrottkiLeurotrigona muelleri Plebeia lucii, essas substâncias eram completamente diferentes. O que, garante Nunes, indica que a “modulação da esterilidade da operária em resposta ao feromônio da rainha surgiu independentemente pelo menos três vezes”.
A distribuição da reprodução das operárias através da filogenia (estudo da evolução da espécie) indica que “a reprodução das operárias na presença de uma rainha era a condição ancestral para as abelhas sem ferrão”, conta o biólogo.

Menos zangões, menos conflitos

Ao observar a reprodução das operárias na presença ou ausência da rainha de cada uma das 21 espécies, o biólogo percebeu que não ocorria impedimento químico à colocação de ovos das operárias. “Na verdade, a presença da rainha botando regularmente no ninho é positiva, tanto para as operárias quanto para a rainha”, diz Nunes.
A rainha é responsável pela produção de toda a prole. Ela é a única fêmea a ser fecundada pelos zangões (machos da colmeia), mas não é a única a botar ovos não fecundados (que originam os zangões), algumas operárias também são. Essa produção é importante para eventual substituição da rainha (morte, por exemplo); novos machos poderão fecundar as ninfas, futuras rainhas.
O conflito genético se instala nessa situação, já que para “a rainha, do ponto de vista evolutivo, teria um maior retorno genético se ela produzisse todos os machos da colônia, que se relaciona geneticamente em 50% com sua mãe”, comenta o pesquisador. E o mesmo vale para as operárias, que têm que cuidar dos filhos da rainha.
Mas a resolução dos conflitos na colônia não se dá apenas contornando fatores genéticos. Nunes conta que a ausência da rainha sempre é sinal de conflito num ninho, porém no caso estudado, da capacidade de modular a própria esterilidade, a operária usa critérios ecológicos para não se reproduzir.
A melhor adaptação evolutiva, usando critérios ecológicos como: reprodução da colônia, tamanho do ninho, sazonalidade e comportamento, também é importante para regular conflitos. Mas o pesquisador acredita que, no caso das abelhas sem ferrão, o contingente populacional seja mais importante que o genético.
O tamanho da colmeia e a quantidade de machos produzidos podem ser fatores decisivos para que as operárias não se reproduzam, uma vez que elas só são capazes de produzir machos e eles não trabalham. “Se muitas se reproduzirem, o custo para a colônia fica muito alto”, comenta.
Rita Stella, de Ribeirão Preto
Mais informações: e-mail tulionunes@usp.br

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Queda acentuada de polinização gera impacto na agricultura

Fonte: Jornal da USP

Aquecimento global afeta produção de frutas, verduras e outras culturas agrícolas dependentes de polinização

Pesquisa busca entender como mudanças climáticas poderão impactar diretamente as culturas polinizadas e a produção agrícola. Na imagem, abelha Borá (Tetragona clavipes) – Foto: Léo Ramos / Revista Pesquisa Fapesp
O aquecimento global e as mudanças no clima podem afetar a ocorrência de polinizadores naturais. Em artigo publicado na revista PLOS One, pesquisadores avaliaram 95 polinizadores de 13 culturas agrícolas dependentes de polinização. Concluíram que quase 90% dos 4.975 municípios analisados enfrentarão perda de espécies polinizadoras nos próximos 30 anos, de acordo com informações da Assessoria de Comunicação da Escola Politécnica (Poli) da USP. Em todo o País, a probabilidade de ocorrência de polinizadores poderá ter uma queda de 13% até 2050, segundo o estudo.
Assinado por um time multidisciplinar encabeçado pela bióloga e pós-doutoranda da Poli, Tereza Cristina Giannini, o artigo Projected climate change threatens pollinators and crop production in Brazil aponta que a região Sudeste será a mais impactada, ao passo que na região Norte há possibilidade de um leve aumento da ocorrência de determinados polinizadores. Entretanto, como afirmou Tereza, atualmente pesquisadora do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, as perdas serão maiores que os ganhos.
As culturas agrícolas estudadas foram acerola, urucum e maracujá (categorizadas como culturas agrícolas em que a polinização é essencial); abacate, goiaba, girassol e tomate (muito dependentes da polinização); coco, café e algodão (modestamente dependentes); feijão, tangerina e caqui (pouco dependentes). A dependência se deve à morfologia da flor: há flores que não precisam de polinizador animal (o vento, por exemplo, já resolve). Outras precisam que o polinizador carregue o grão de pólen de uma flor para outra, garantindo, assim, a polinização.
“Para as culturas agrícolas e os polinizadores que estudamos, esse foi o resultado. Isso não significa que esse resultado seja válido para todas as espécies”, afirmou Tereza, ponderando que no oeste da região Norte, ainda bem protegido por mata nativa, o impacto das mudanças de clima pode ser menor do que em áreas do Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil.
“É importante ressaltar as seguintes descobertas: primeiro, as perdas maiores afetam municípios com baixo PIB, o que pode impactar ainda mais os níveis de pobreza dessas regiões; e segundo, ao mesmo tempo [e em menor grau], elas afetam também um grupo de municípios muito rico, com valores de PIB muito altos que podem ser potencialmente reduzidos pelas perdas de polinizadores”, afirmou a pesquisadora.
As perdas maiores afetam municípios com baixo PIB, o que pode impactar ainda mais os níveis de pobreza dessas regiões.”
Na pesquisa o grupo usou a Modelagem de Distribuição de Espécies (MDE), técnica que determina áreas potenciais de ocorrência de espécies e projeta sua distribuição futura. Para estimar a ocorrência e localização de cada espécie polinizadora, foram usados os bancos de dados do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria) e do Global Biodiversity Information Facility (GBIF).
“A modelagem de distribuição de espécies já tem sido usada há alguns anos. O ineditismo nesse trabalho foi a abordagem de cruzar a estimativa dos polinizadores do País, com foco nos municípios, com o impacto que isso tem na produção agrícola, município por município”, resume o professor Antonio Mauro Saraiva, do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da Poli.
Supervisor de Tereza no pós-doutorado, ele afirma que o enfoque do trabalho ultrapassa o de um mero exercício científico. “Não se trata de entender apenas como as mudanças climáticas afetarão os polinizadores, mas como elas poderão impactar diretamente as culturas polinizadas e a produção agrícola, e os efeitos econômicos disso – algo que tem uma importância social grande. Esses resultados podem ser apresentados para tomadores de decisão e produtores e a metodologia tem potencial para tornar-se uma ferramenta de políticas públicas.”
“De modo geral, achamos que a adaptação provavelmente vai acontecer com espécies que toleram amplas faixas de temperatura e precipitação. Mas isso é muito difícil de medir. Podemos mensurar a tolerância de um polinizador à mudança de calor, por exemplo. Mas como medir essa mesma tolerância se a mudança demorar dez anos para acontecer?”
Entre as espécies estudadas pelo grupo, Tereza aponta como relevantes as abelhas sem ferrão do gênero Melipona e a Tetragonisca angustula (chamada de jataí); as espécies do gênero Bombus e Xylocopa (as mamangavas); e as abelhas do gênero Centris (abelhas de óleo).
O artigo é assinado ainda por Wilian França Costa, também pós-doutorando na Poli, Guaraci Duran Cordeiro, Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, Jacobus Biesmeijer, da Holanda, e Lucas Alejandro Garibaldi, da Argentina, além do professor Antonio Mauro Saraiva.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Prefeitura vai espalhar abelhas sem ferrão por Curitiba

Fonte: BemParana

(foto: Daniel Castellano/SMCS)
Os Jardins do Mel já têm data para implantação e ela coincide com o início da primavera, em 21 de setembro. A primeira das estações que abrigará as abelhas nativas sem ferrão ficará no Parque Barigui, na praça ao lado do Museu do Automóvel.
“A ideia da Prefeitura é criar um grande programa de polinização e de difusão do conhecimento da importância da correção ambiental”, explica o prefeito Rafael Greca. Com os Jardins do Mel, a cidade voltará a estimular a presença dos insetos, responsáveis por boa parte do cultivo agrícola e disseminação de árvores nativas.
De acordo com a diretora do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Marcia Arzua, nos últimos dias foram feitas as visitas técnicas aos locais que deverão receber as caixas com as colmeias e as mudas de plantas melíferas, que vão estimular a presença dos insetos.
Entre os locais definidos, além do Barigui, estão o Jardim das Sensações, no Jardim Botânico; e o Bosque Reinhard Maack, no bairro Hauer. Outros locais já confirmados são o Zoológico de Curitiba, no Boqueirão; o Museu de História Natural do Capão da Imbuia; e o Passeio Público, no Centro. “São locais que, além de facilitar a implantação do projeto, cumprem o requisito de educação ambiental”, conta Márcia. Demais pontos devem ser divulgados em breve.
A localização das caixas deve favorecer a autonomia de voo das abelhas sem ferrão, que varia de espécie para espécie, entre 500 metros a dois quilômetros. A variação depende do tamanho do corpo e das asas dos insetos. Assim, elas poderão polinizar a maior parte da cidade de forma natural, permitindo a enxameação e a volta das abelhas para a cidade.
O projeto é viabilizado em parceria pelas secretarias municipais do Meio Ambiente e da Educação, a Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Municipal de Administração Pública (Imap).
Educação ambiental
Fatores como a própria introdução da abelha africana para produção de mel e outros derivados, desmatamentos, queimadas, entre outros, contribuem para a diminuição da incidência da abelha nativa. No mundo, há 400 espécies e 300 delas são endêmicas do Brasil.
O repovoamento e a sensibilização para a sua importância são outros objetivos de um amplo programa, que além dos Jardins do Mel, prevê a educação ambiental para as crianças das creches e escolas municipais. “Cuidar das abelhas é cuidar da preservação de toda a biodiversidade da cidade”, reforça o professor Felipe Thiago de Jesus, responsável pela implantação no Museu de História Natural do Capão da Imbuia.

terça-feira, 18 de julho de 2017

As abelhas têm visão ultrarrápida

Fonte: APACAME


As abelhas veem o mundo cinco vezes mais rápido do que nós seres humanos, de acordo com um novo estudo da Universidade de Londres. Os seres humanos não podem seguir um inseto em voo rápido com os olhos, mas eles próprios podem seguir uns aos outros, graças à sua visão ultrarrápida, explica Peter Skorupski, coautor da pesquisa publicada na revista Journal of Neuroscience . 
A velocidade com que vemos depende de quão rápido as células do olho encarregadas pela detecção de luz capturam instantâneos do mundo e os envia para o cérebro. No caso das abelhas, isso ocorre em uma taxa cinco vezes maior do que atinge o olho humano, permitindo-lhes escapar de predadores e alcançar seus companheiros durante o voo.
As abelhas foram os primeiros animais que tiveram sua visão em cores comprovada cientificamente e que podem voar tanto em áreas iluminadas como em sombreadas e facilmente identificar as flores com néctar.
Os experimentos de Skorupski mostram que a visão em cor para as abelhas consome mais energia do que a utilizada para a visão em branco preto (monocromático).
As abelhas não podem gastar suas energias levianamente, porque precisam de muita energia para se manterem vivas então elas escolhem entre a visão colorida e a monocromática dependendo da situação, Explica o pesquisador. Ainda assim isso representa uma visão duas vezes mais rápida que a visão humana.

domingo, 9 de julho de 2017

Mel de abelha nativa do Paraná já pode ser comercializado em todo o País

Fonte: Paraná Portal

Foto: Orlando Kissner/ANPr
O mel produzido por abelhas sem ferrão, nativas do Paraná, está pronto para ultrapassar as fronteiras do Estado. Em abril, a Associação de Meliponicultores de Mandirituba (Amamel), na Região Metropolitana de Curitiba, foi a primeira entidade paranaense a conseguir a certificação do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F).
Com o selo, a associação tem o aval para comercializar os produtos de seus 20 associados em todo o Brasil. “Hoje, a gente tem a perspectiva positiva de que vai ter mel paranaense em vários municípios do Paraná, em todo o Sul e no Brasil inteiro”, conta, empolgado, o produtor Benedito Antônio Uczai, que é vice-presidente da Amamel.
A meliponicultura, área que ainda é um tanto quanto desconhecida das pessoas, é o nome que se dá à criação de abelhas nacionais, sem ferrão. É diferente da apicultura, prática em que são utilizadas abelhas africanizadas, com ferrão. No Brasil, existem 300 espécies de abelhas nacionais, sendo que 35 delas estão aqui no Paraná. Uczai cria 11 espécies em sua propriedade, como a guaraipo, a mandaçaia e a manduri, que deu nome ao município de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba.

Produção

Cada família de abelhas sem ferrão é composta, em média, por 300 indivíduos, que produzem 1,5 kg por ano. É uma quantidade baixa, quando comparada à produção das abelhas tradicionais, com ferrão. Uma família de abelhas comuns, formada por 80 mil insetos, fabrica de 40 kg a 50 kg de mel por ano, em média. Por causa desta diferença na produção, enquanto o quilo do produto convencional sai por R$ 30, o quilo do mel das abelhas nativas sai por R$ 120.

Economia

A meliponicultura, quando analisada pelo viés econômico, ainda não é representativa. A Amamel, por exemplo, espera produzir 1,5 mil quilos de mel neste ano. O valor representa apenas 0,02% da produção do mel tradicional do Estado, que, em 2015, foi de 6,2 mil toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).
Para Humberto Bernardes Júnior, secretário-executivo da Câmera Técnica de Meliponicultores – órgão formado pelo Governo do Estado e várias instituições com foco no desenvolvimento da meliponicultora – a área, que ainda está em construção, é uma atividade lucrativa, mas o foco dela é principalmente o meio ambiente. “Em primeiro lugar, os meliponicultores buscam a proteção das espécies nativas de abelhas, que correm risco de extinção”, conta.

Ameaça

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em 2016, alertou para o desaparecimento das abelhas do planeta. Os motivos são o uso excessivo de pesticidas e o desmatamento. Caso elas sumam do planeta, toda a atividade agrícola do mundo corre risco, pois as abelhas são responsáveis por polinizar 80% das plantas do mundo.
“As abelhas têm um papel silencioso e essencial para a manutenção e promoção da biodiversidade”, diz o técnico Valcir Inácio Wilhelm, responsável pela área de meliponicultura e recursos naturais do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), pertencente à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento.
Segundo Wilhelm, o Centro ensina meliponicultores do Estado – estima-se que existam cinco mil – a utilizar práticas que mesclam a proteção das espécies e a produção. “O mais importante, antes de qualquer coisa, é buscar informações sobre a área e se atualizar sempre”, diz ele.
O Centro promove cursos sobre meliponicultora durante todo o ano. Além das capacitações, o órgão também formula políticas públicas, faz a ponte entre produtores e órgãos ambientais e auxilia na criação e no desenvolvimento da atividade no Estado.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Temer antecipa 'pacote do veneno' e proíbe Anvisa de se manifestar sobre agrotóxicos

Fonte: RBA

Ministério da Agricultura assume controle das informações sobre venenos já registrados. Pasta dirigida por Blairo Maggi vai excluir Anvisa e Ibama e controlar sozinha registro de novos agroquímicos

por Cida de Oliveira, da RBA publicado 03/02/2017

Recorde: em 2016 foram registrados 277 novos agrotóxicos, uma alta de 374% em relação ao ano anterior
São Paulo – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), subordinada ao Ministério da Saúde, não presta mais informações a respeito de agrotóxicos, inclusive sobre aqueles registrados antes de 2016. A informação é da assessoria de imprensa da agência. Indagada na tarde da quarta-feira (1º) sobre as substâncias registradas ano passado – um recorde, segundo nota do Ministério da Agricultura (Mapa) –, limitou-se a informar que os questionamentos devem ser encaminhados diretamente à Agricultura.
No último dia 10, o Mapa divulgou que foram registrados 277 novos agroquímicos, um recorde histórico segundo o próprio ministério. Do total, 161 são produtos técnicos equivalentes (PTEs) – os chamados genéricos –, o que corresponde a alta de 374% em comparação a 2015, quando foram registrados 43 PTEs, além de 139 novos produtos. A média histórica anual é de 140 registros. 
No anúncio do recorde, o coordenador geral de agroquímicos e afins do Mapa, Júlio Sergio de Britto, observou "grande evolução na qualidade e no número de produtos ofertados, graças ao esforço dos técnicos dos ministérios da Agricultura, da Saúde (Anvisa) e do Meio Ambiente (Ibama)".

Até a conclusão desta reportagem, a assessoria de imprensa do ministério que abrange ainda a Pecuária e o Abastecimento, cujo titular é o ruralista Blairo Maggi, o "rei da soja", não havia respondido à solicitação de informações. 

Ação coordenada

Para especialistas da área, a mudança no controle das informações faz parte de uma ação coordenada por representantes do agronegócio que trabalham para acelerar a tramitação e aprovação de projetos de lei que compõem o chamado pacote do veneno. São projetos que, entre outras coisas, vão facilitar a aprovação, o registro, a comercialização, a utilização, o armazenamento e o transporte de agrotóxicos, aumentando a presença dessas substâncias nas lavouras brasileiras.
"O controle de informações no Mapa ocorre paralelamente a outras medidas em curso, sugerindo que o 'pacote do veneno' está sendo implementado mesmo antes de ter sido aprovado no Congresso e sancionado por Temer", diz o coordenador da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida – Agrotóxico Mata, Alan Tygel.
O "pacote" inclui o Projeto de Lei (PL) 3.200/2015, do deputado federal Luis Antonio Franciscatto Covatti (PP-RS), que praticamente revoga a atual lei de agrotóxicos. Para ambientalistas, promotores federais, movimentos sociais e defesa do consumidor, a proposta é um retrocesso. Veta o termo "agrotóxico", substituindo por "fitossanitário", e cria a Comissão Técnica Nacional de Fitossanitários (CTNFito) no âmbito do Mapa.
Estão entre as prerrogativas dessa nova comissão apresentar "pareceres técnicos conclusivos aos pedidos de avaliação de novos produtos defensivos fitossanitários, de controle ambiental, seus produtos técnicos e afins". O colegiado também indicará os 23 membros efetivos e suplentes, deixando de fora representantes dos consumidores, da Anvisa e do Ibama – um ataque aos princípios da precaução, conforme os críticos.
Também no "pacote" está o PL 6.299/2002, do então senador Blairo Maggi, que altera regras para a pesquisa, experimentação, produção, embalagem e rotulagem,  transporte,  armazenamento, comercialização, propaganda, utilização, importação, exportação, destino final dos resíduos e embalagens, registro, classificação, controle, inspeção e  fiscalização. Se for aprovado, a embalagem dos agroquímicos deixará de ter, por exemplo, a presença da caveira – símbolo de veneno conhecido universalmente, até mesmo por pessoas analfabetas e crianças.
"São alterações que vão afrouxar ainda mais as normas, como proibir apenas os venenos que causem intoxicação aguda, aquelas que ocorrem imediatamente à exposição ao produto. No entanto, estudos mostram que há intoxicações crônicas, que surgem tempo depois, pela exposição continuada a essas substâncias no ambiente de trabalho ou pelo acúmulo de substâncias nocivas no organismo depois de anos consumindo alimentos com agrotóxicos".
Segundo Tygel, estudos recentes associam a exposição a agrotóxicos com o surgimento do Mal de Parkinson, doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva, que ocorre pela queda da produção de dopamina, neurotransmissor envolvido no fluxo de informação entre os neurônios. Já está estabelecido em estudos neurocientíficos que esta diminuição está associada a causas ambientais, e não apenas genéticas.

Omissão

Campanha Permanente não estranha a submissão da Anvisa ao agronegócio e considera a agência omissa na defesa da saúde da população. Tanto que em 2016 não coletou amostras de alimentos para análise no âmbito do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). Além disso, não avalia a presença de venenos em alimentos como carne, leite, ovos, industrializados para alimentação infantil e de adulto e água mineral, suspendeu a fiscalização das indústrias de agrotóxicos, não consolida nem divulga dados sobre esse mercado.
Outros aspectos graves são a lentidão nas reavaliações iniciadas em 2008, com resultados questionáveis, a falta de previsão de novas reavaliações apesar de decisões internacionais importantes sobre seus efeitos à saúde, de participação da sociedade civil nos processos decisórios, 
Os sistemas informatizados para permitir organização, divulgação e acesso a dados seguem sem conclusão, fazendo com que a Anvisa descumpra integralmente a Lei de Acesso à Informação.

Coquetel venenoso

Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e integrante da Associação  Brasileira de Agroecologia, o agrônomo Leonardo Melgarejo destaca a prevalência do viés comercial em detrimento da preocupação com a saúde nesse recorde de registros. "Não temos tamanha variedade de insetos e ervas daninhas que exijam tamanha diversidade de venenos", diz. 
E aponta falhas metodológicas. "No caso dos venenos genéricos, há uma confusão. Passam a ideia de que se trata de algo semelhante aos remédios, onde o princípio ativo é o que interessa. No caso dos agrotóxicos, devemos nos preocupar com os químicos utilizados no coquetel colocado à venda, junto com o princípio ativo", afirma.
Conforme exemplifica, o herbicida 2,4-D contém entre as impurezas um grupo de substâncias, as dioxinas. Extremamente perigosas, estão entre os agentes cancerígenos. Além disso, há outros produtos associados igualmente tóxicos, que têm a função de desintegrar a gota de agrotóxico em contato com as folhas das plantas, facilitando sua absorção e a ação tóxica.
"Sem contar aqueles resultantes da transformação destes e de outros componentes, seja pela metabolização da planta, como o AMPA, a partir da aplicação do glifosato, pela ação do sol, de elementos químicos que compõem o solo", destaca o agrônomo. "Estes subprodutos do princípio ativo e dos demais componentes geram novos riscos de combinações e sinergias perigosas. Portanto, liberar o uso de um agrotóxico sem estudos, apenas baseado na afirmação de que outros com o mesmo princípio ativo, com efeito similar, já foram aprovados, vale para o agronegócio mas não vale para a saúde e nem para o meio ambiente."
Na avaliação de Melgarejo, a decisão da pasta conduzida por Blairo Maggi deveria ser repudiada pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Meio Ambiente. "Nós, ambientalistas, consideramos que esta decisão só poderia ser tomada em um governo que não tem compromissos com o futuro. Quanto mais barato for um agrotóxico genérico, maior será o risco de problemas associados aos demais componentes, mesmo que o princípio ativo corresponda ao que se verifica em todas as formulações. São os trabalhadores rurais, os agricultores e os consumidores que verificarão isso no futuro."
Nota da Anvisa

Após a publicação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária procurou a reportagem. A agência questiona o título e nega ter informado que não se pronunciar mais sobre o tema. Segundo a nota, o e-mail trocado com a RBA informa apenas que “a demanda sobre registro de agrotóxicos teria que ser endereçada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), uma vez que, de fato, é o órgão responsável por registrar produtos agroquímicos”.

“À Anvisa cabe a avaliação toxicológica do produto – ou seja, estabelecer se determinado agrotóxico atende a todos os padrões de segurança, qualidade e eficácia exigidos pela Agência. Após isso, o Mapa é que decide por conceder ou não o registro.”

A informação sobre a exclusão da Anvisa e do Ibama de uma nova comissão técnica que deverá ser criada com a aprovação de um dos projetos de lei mencionados também é questionada pela agência.

A assessoria ressalta ainda que o trabalho de regularização de produtos agrotóxicos no Brasil é um esforço que envolve três órgãos do governo federal – Anvisa, Mapa e Ibama -  “numa parceria que vem dando muito certo. E não há nenhum aceno, por parte do governo federal, que tal parceria vá se desfazer”. 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

05 de Junho — Dia Mundial do Meio Ambiente


Em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemorado todo dia 05 de junho. Essa data, que foi escolhida para coincidir com a data de realização dessa conferência, tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.
Nessa Conferência, que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo, iniciou-se uma mudança no modo de ver e tratar as questões ambientais ao redor do mundo, além de serem estabelecidos princípios para orientar a política ambiental em todo o planeta. Apesar do grande avanço que a Conferência representou, não podemos afirmar, no entanto, que todos os problemas foram resolvidos a partir daí.
Atualmente existe uma grande preocupação em torno do meio ambiente e dos impactos negativos da ação do homem sobre ele. A destruição constante de habitat e a poluição de grandes áreas, por exemplo, são alguns dos pontos que exercem maior influência na sobrevivência de diversas espécies.
Tendo em vista o acentuado crescimento dos problemas ambientais, muitos pontos merecem ser revistos tanto pelos governantes quanto pela população para que os impactos sejam diminuídos. Se nada for feito, o consumo exagerado dos recursos e a perda constante de biodiversidade poderão alterar consideravelmente o modo como vivemos atualmente, comprometendo, inclusive, nossa sobrevivência.
Dentre os principais problemas que afetam o meio ambiente, podemos destacar o descarte inadequado de lixo, a falta de coleta seletiva e de projetos de reciclagem, consumo exagerado de recursos naturais, desmatamento, inserção de espécies exóticas, uso de combustíveis fósseis, desperdício de água e esgotamento do solo. Esses problemas e outros poderiam ser evitados se os governantes e a população se conscientizassem da importância do uso correto e moderado dos nossos recursos naturais.
Em razão da importância da conscientização e da dimensão do impacto gerado pelo homem, o Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data que merece bastante destaque no calendário mundial. Entretanto, não basta apenas plantar uma árvore ou separar o lixo nesse dia, é necessário que sejam feitas campanhas de grande impacto que mostrem a necessidade de mudanças imediatas nos nossos hábitos de vida diários.
Apesar de muitos acreditarem que a mudança deve acontecer em escala mundial e que apenas uma pessoa não consegue mudar o mundo, é fundamental que cada um faça a sua parte e que toda a sociedade reivindique o cumprimento das leis ambientais. Todos devemos assumir uma postura de responsabilidade ambiental, pois só assim conseguiremos mudar o quadro atual.
A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.”
(Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano - 1972)

Por Ma. Vanessa dos Santos em Brasil Escola

sábado, 3 de junho de 2017

Dia 03 de Junho – Dia da Educação Ambiental

Fonte: Organics News Brasil


Uma ação faz toda a diferença!
No dia 03 de junho, se comemora o Dia Nacional da Educação Ambiental, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 14 de maio de 2012.
A educação ambiental é uma disciplina fundamental na formação de cidadãos conscientes e aptos para tomar decisões coletivas que preservem o meio ambiente, ao mesmo tempo, que auxilia no desenvolvimento de uma sociedade sustentável.
A criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), em 1973, incentivou os primeiros debates sobre o tema no Brasil. Quatro anos depois, foi implantado o primeiro Projeto de Educação Ambiental em Ceilândia, no Distrito Federal.
Apenas em 1999, foi sancionada a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9795/1999) pelo Ministério do Meio Ambiente. Com a legislação, o órgão iniciou o ProNEA (Programa Nacional de Educação Ambiental), que assegura a integração da sustentabilidade na educação brasileira.
Atualmente, a educação ambiental se tornou uma das principais ferramentas no combate a práticas maléficas ao meio ambiente e a sociedade.