terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Reflorestamento por abelhas

Fonte: Agência FAPESP

12 de dezembro de 2007


Por Michelle Portela, de Manaus
Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) conseguiram descrever como abelhas sem ferrão do gênero Melipona contribuem para a dispersão de sementes de angelim-rajado (Zygia racemosa), espécie presente na vida do ribeirinho e de alto valor comercial. Esse é o terceiro caso no mundo, comprovado cientificamente, de melitocoria, a dispersão de sementes de plantas por abelhas.
Pesquisadores do Inpa descrevem terceiro caso no mundo de dispersão de sementes em floresta por abelhas sem ferrão (foto: A.C.da Silva)
A dispersão do angelim-rajado no caso estudado foi realizada por abelhas sem ferrão. O fato surpreendeu os pesquisadores pelo grande tamanho da semente carregada com resina pelas operárias. As abelhas sem ferrão são responsáveis por 30% a 90% da polinização de plantas em diferentes biomas brasileiros.
A participação é acentuada na região amazônica. "O Amazonas concentra a maior variedade de abelhas sem ferrão do mundo. Com a maior extensão territorial e mata preservada, a principal diversidade está aqui, bem perto de nós", disse o biólogo Alexandre Coletto da Silva, do Inpa, à Agência FAPESP.
Das cerca de 400 espécies de abelhas sem ferrão descritas na literatura científica, pelo menos 300 estão na Amazônia. "A importância da descoberta da participação das abelhas na dispersão do angelim-rajado aumenta quando se considera o valor do uso dessa espécie madeireira pelos povos tradicionais da floresta", afirmou Coletto da Silva.
O angelim-rajado é muito usado na construção de paredes de casas ou no entalhe de móveis, como mesas e cadeiras. A descoberta foi descrita na revista Acta Amazonica.
Durante um ano, o grupo da bióloga Christinny Giselly Bacelar Lima, doutoranda em botânica pelo Inpa, acompanhou o comportamento das abelhas entre o meliponário (onde se criam abelhas sem ferrão) do Inpa e a floresta natural do campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Quando voltavam da floresta, algumas traziam sementes para as colméias.
Segundo Coletto da Silva, os pesquisadores se questionaram sobre a possibilidade de dispersão pelas abelhas. "Se eram abelhas mesmo que estavam levando as sementes para lá, precisávamos provar esse comportamento", disse.
Uma câmera foi instalada na frente da colméia para registrar o momento em que as abelhas voltavam para "casa" com as sementes presas nas pernas. De modo a descobrir a semente de qual espécie de planta estava sendo transportada, os pesquisadores entraram na mata da Ufam, para onde sabiam que as abelhas voavam uma vez que haviam observado a direção e sentido que as operárias se deslocavam após sair das colméias.
"No primeiro dia de campo, após várias horas de caminhada pela mata, confirmamos a existência de inúmeras mudas como as que trazíamos conosco, obtidas a partir das sementes trazidas pelas abelhas e postas para germinar. E, mais à frente, ao olharmos para cima deparamos com um grande angelim-rajado", disse Coletto da Silva.
Posteriormente, ele e outro membro do grupo subiram no angelim por rapel para fotografar a coleta. "No alto, fotografamos abelhas coletando sementes. Era o terceiro caso registrado no mundo", afirmou.
O primeiro caso de melitocoria foi registrado na Austrália. Uma abelha do grupo das trigonas (Trigona carbonaria), espécie sem ferrão menor, carregava a semente de um tipo de eucalipto. O segundo caso foi no Amazonas, também com abelhas Melipona, que espalharam sementes da espécie vegetal Coussapoa asperifolia.
O artigo Melitocoria de Zygia racemosa (Ducke) Barneby & Grimes por Melipona seminigra merrillae Cockerell, 1919 y Melipona compressipes manaosensis Schwarz, 1932 (Hymenoptera, Meliponina) en la Amazonía Central, Brasil, de Christinny Giselly Bacelar-Lima e outros, publicado na Acta Amazoniza (vol. 3, 3ª edição), pode ser lido em http://acta.inpa.gov.br.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Centro de estudo de abelhas será ponto turístico no Acre

Fonte: EBC Rádios

Espaço fica no Seringal Bom Destino, no município de Porto Acre, a 60 km da capital Rio Branco

Abelhas de Paula FJ/ Flickr/ CC BY
 O espaço servirá tanto para pesquisas científicas quanto para visitação das pessoas que se interessam pelo trabalho de criação de abelhas. A equipe que coordena a cadeia produtiva do mel, na Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) já tem no local as primeiras caixas com as abelhas sem ferrão.


A intenção é de que, além das abelhas, seja construído um laboratório para pesquisa das diversas espécies desse inseto, um espaço para capacitação dos produtores e também um local de visitação, por meio do turismo ecológico ou científico.


A coordenadora da Cadeia Produtiva do Mel na Seaprof, Edna Costa, disse que a principal finalidade da criação do Centro de Estudo é ajudar no turismo científico ou local. As primeiras colmeias, segundo Edna são de uruçu, mais que a pretensão é colocar um maior número de espécies.


O centro de pesquisas, Seringal Bom Destino, faz parte da história do estado. A gerente da cadeia produtiva do mel, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Maria Nogueira de Queiroz, ressalta que o mel é só uma consequência da criação de abelhas: ele não é a atividade-fim. O principal trabalho da abelha é a polinização, para que haja o cruzamento das flores. E é através da polinização que haverá sementes e frutos.
 
Também são destaques do Jornal da Amazônia 1ª Edição desta terça-feira (13): Tocantins prorroga prazo para comprovar vacinação contra febre aftosa;  Operação combate fraudes no Instituto de Previdência de Porto Velho, em Rondônia.
 
O Jornal da Amazônia 1ª Edição vai ao ar, de segunda a sexta-feira, às 7h45, na Rádio Nacional da Amazônia, uma emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Uso incorreto de agrotóxicos é a principal causa da morte de abelhas

Fonte: G1

Conclusão vem de mapeamento sobre mortandade de abelhas em SP.
Estudo é realizado por pesquisadores da Unesp de Rio Claro e da UFSCar.


(Para ver o vídeo da reportagem, acesse globo.com)

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) divulgaram o primeiro resultado do mapeamento sobre mortandade de abelhasno Estado de São Paulo.
De junho de 2015 até maio deste ano, as equipes analisaram 13 apiários em cidades como Araras, Rio Claro, Leme, Mogi-MirimArtur Nogueira e Santa Rosa de Viterbo e concluíram que a principal causa da morte desses insetos é o uso incorreto de agrotóxicos.
"Nós observamos que 70% dos casos estavam relacionados com os defensivos agrícolas. Eles usam, por exemplo, acima do recomendado, eles usam em locais em que não deveria ser usado, eles misturam muito os produtos e toda vez que você vai fazer uma aplicação você não pode misturar o produto", explicou o biólogo Osmar Malaspina, que integra o estudo financiado pelo Sindicato Nacional dos Produtores de Defensivos Agrícolas.
João Franco, de Araras, perdeu milhares de
abelhas neste ano (Foto: Ely Venâncio/EPTV)
Perdas
De seis anos para cá, os relatos de perda de colmeias se tornaram mais comuns. Há 4 anos, 5 milhões de abelhas morreram em Santa Cruz da Conceição. Entre 2012 e 2013, o mesmo aconteceu em Gavião Peixoto e, em 2014, dez apicultores de Leme perderam centenas de colmeias.

Neste ano, em Araras, mais de cem mil insetos do apicultor João Franco morreram. Agora, só 14 das 30 colmeias continuam ativas.
"Eu calculo [um prejuízo] de R$ 3 mil a R$ 4 mil entre as abelhas que morreram, material que eu perdi e não posso por mais abelha nesse material porque ficou contaminado e o preço do mel todo que eu deixei de tirar por causa da mortalidade", disse Franco.
A morte das abelhas não traz prejuízo só para apicultores. Segundo o pesquisador, esses insetos são responsáveis por mais de 70% da polinização de várias culturas e garantem quase a metade da produção de alimentos no mundo.
Nova fase
A conclusão final do estudo vai ser divulgada em 2018 e agora que a primeira fase do mapeamento está pronta, Malaspina diz que a ideia é conscientizar apicultores e agricultores.
"Se ele começar a usar mais corretamente, nós vamos evitar outros tipos de contaminação também, não só para as abelhas como outras espécies e a própria saúde do homem", afirmou.
É o que também espera Franco. "Se o pessoal respeitasse as regras do agrotóxico, acho que dava para a gente trabalhar com a abelha e eles com a lavoura".
Contato 
Apicultores e agricultores que encontrarem abelhas mortas podem ligar para o telefone 0800 771 8000. Uma equipe de pesquisadores vai ao local indicado para obter amostras e os insetos recolhidos ajudarão no mapeamento.
Segundo apicultores, abelhas morreram após fumacê (Foto: Eduardo Perez/Arquivo Pessoal)
São Carlos
Além das perdas no campo analisadas pelos pesquisadores, apicultores de São Carlos relataram neste ano perdas na área urbana. Nesses casos, como os insetor morreram após ações de nebulização, os produtores acreditam que o problema está no produto usado para pulverizar o ambiente e combater o Aedes aegypti.
O veterinário e apicultor Eduardo Constantino Perez contou que não foi orientado a retirar as abelhas que mantinha em sua clínica antes da pulverização e cerca de 90% dos insetos morreram. 
Veterinário perdeu cerca de 90% de seu apiário
(Foto: Eduardo Constantino Perez/Arquivo Pessoal)
“No dia em que passaram o veneno onde eu tinha as abelhas, morreram quase todos os enxames e, além disso, também notei que atingiu outros insetos que ficavam perto daquele espaço, então acreditamos que o problema tenha acontecido por conta desse veneno”, afirmou.
“Não é possível que elas tenham morrido do nada. Agora, todas as minhas abelhas rainhas se foram e a gente tem outros relatos de que outros apicultores também estão passando pelo mesmo problema”, disse apicultor Paulo de Chico após o fumacê em seu bairro.
Composição
De acordo com o Ministério da Saúde, os produtos utilizados no fumacê são o Malathion diluído em água, para as aplicações espaciais a Ultra Baixo Volume, e o Bendiocarb, usado em locais onde há concentração de depósitos preferenciais para a desova da fêmea do Aedes aegypti, como cemitérios, borracharias e depósitos de sucatas.
Para Malaspina, o Bendiocarb pode ter contribuído para a mortandade, já que tem alto grau de toxicidade para insetos. "Quando aplicado, esse produto permanece durante bastante tempo em plantas e é bastante utilizado para matar o mosquito do Aedes aegypti", afirmou.
Ele explicou que o produto "atua sobre o sistema nervoso do inseto, inibindo a acetilcolinesterase, impedindo a hidrólise de acetilcolina e matando o inseto por hiperexcitação". "É altamente prejudicial à saúde dos insetos", disse.
Prefeitura e Ministério da Saúde
Em nota, a Prefeitura de São Carlos afirmou que o produto usado nas nebulizações é aplicado somente no entorno de residências com casos confirmados de dengue, vírus da zika e chikungunya e que é repassado pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), vinculada ao Ministério da Saúde.
O ministério, por sua vez, afirmou que a aplicação de inseticidas a Ultra Baixo Volume (UBV) para uso em saúde pública é preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e obedece recomendações técnicas de dosagem e metodologias de aplicação.
"Essa técnica tem sido aprimorada com o desenvolvimento de inseticidas e equipamentos mais eficientes, permitindo o uso de quantidades menores de ingrediente ativo por hectare. Ou seja, aplicações a UBV permitem a fragmentação de uma pequena quantidade de ingrediente ativo, que será aplicado em um volume de ar infinitamente maior no espaço tratado. Estas gotas devido ao seu tamanho podem permanecer flutuando no ar por um período de tempo suficiente para entrar em contato com o vetor. É importante considerar que o uso desta medida, pelas suas características técnicas, não tem um impacto que possa ser classificado como duradouro e permanente e, conseqüentemente, possa ocasionar sérios prejuízos à fauna não alvo da operação, portanto com impacto bastante limitado", disse a pasta.
Apicultores de São Carlos perderam centenas de
abelhas (Foto: Eduardo Perez/Arquivo Pessoal)
O ministério informou ainda que, antes da OMS indicar os princípios ativos a serem utilizados no controle de vetores, eles são submetidos a uma rigorosa revisão bibliográfica, considendo aspectos relacionados à saúde humana e possíveis impactos ambientais. "Além disso, a OMS adota periódica ou excepcionalmente, se necessário, procedimentos para revisões da literatura, uma vez que novas informações sobre a molécula podem ter surgido no período. Este procedimento agrega segurança nestas indicações, uma vez que os ingredientes ativos estão sendo analisados e avaliados constantemente".
Abelhas mantidas em área urbana morreram (Foto: Eduardo Perez/Arquivo Pessoal)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Câmara de SP aprova lei que proíbe glifosato e outros elementos em agrotóxicos

Como bem disse Neil Armstrong: "Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade"!!
Disse bem e disse tudo...
Nós e as abelhas agradecemos!

Segue matéria:

Fonte: CicloVivo

O PL proíbe o uso de agrotóxicos que contenham em sua composição 20 tipos diferentes de princípios ativos.

A lei determina que o município deve ter programas que incentivem e estimulem a produção de alimentos orgânicos. | Foto: iStock by Getty Images
A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou, na última semana, o PL 891/2013, que proíbe o uso de agrotóxicos que contenham em sua composição 20 tipos diferentes de princípios ativos. Entre os elementos vetados, está o glifosato, um dos químicos mais comuns no país.
Conforme descrito no artigo 1o da lei, “ficam proibidos na cidade de São Paulo o uso e a comercialização de agrotóxicos que apresentem em sua composição os seguintes princípios ativos: abamectina, acefato, benomil, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, glifosato, heptacloro, lactofem, lindano, metamidofós, monocrotofós, paraquate, parationa metílica, pentaclorofenol, tiram, triclorfom e qualquer substância do grupo químico dos organoclorados e que tenha sido banida em seu país de origem”.
A proposta ainda determina que os detentores de estoques de agrotóxicos fabricados com as substâncias proibidas sejam obrigados a devolver os materiais aos fabricantes. A Prefeitura e os órgão competentes ficam incumbidos de fiscalizar, garantir o recolhimento e a destinação adequada desses produtos.
Para avaliar o impacto destes elementos na saúde humana, o Projeto de Lei também obriga que todos os casos de doenças ou óbitos consequentes do uso de agrotóxicos sejam informados à Prefeitura de São Paulo.
Como medida para reduzir o uso de pesticidas nos cultivos, o PL também informa que o município deve ter programas que incentivem e estimulem a produção de alimentos orgânicos.
O Projeto de Lei é de autoria dos veradores Toninho Vespoli (PSOL), Nabil Bonduki (PT), Natalini (PV) e Ricardo Young (REDE). O PL está agora em fase de discussão 2 e após isso deve ser encaminhada à sanção do prefeito.
Clique aqui para ler o Projeto de Lei na íntegra.
Redação CicloVivo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Novo piso 3D do Planeta Inseto faz visitante se sentir dentro de uma colmeia

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo

Novo piso faz visitante se sentir em uma colmeia
sala temática das abelhas sem ferrão, do Instituto Biológico, está mais atrativa com a instalação de um novo piso 3D que proporciona a sensação para o visitante de que está no interior de uma colmeia. No espaço, a partir de recursos de tecnologia gráfica, é possível ensinar de forma lúdica e interativa como vivem as abelhas sem ferrão e a necessidade de preservar os polinizadores e a biodiversidade. O Instituto inaugurou, em 8 de dezembro, a nova sala temática das abelhas sem ferrão e o novo layout do jardim do Museu. O ambiente conta ainda com quatro réplicas de abelhas sem ferrão das espécies Jataí, Iraí, Mandaçaia e Uruçu-Amarela, além de um vídeo que conta sobre a vida e a importância desses insetos. O evento contou com a participação do secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, Rubens Rizek Jr.
Criado há seis anos, o Planeta Inseto recebeu os convidados na sala em que são realizadas competições entre as baratas, apelidada de “baratódromo”; no ambiente seguinte, Rizek Jr., valendo de memórias de infância, deu uma verdadeira aula sobre sericicultura, que é o processo de criação do bicho-da-seda, sendo secundado por Cláudia Belfava, pesquisadora do IB. O evento contou também com a participação de Walter Taverna, carinhosamente apontado como primeiro-ministro da República da Vila Mariana; Luiz Aldo Dinnouti, gerente de e Segurança de Produto na Syngenta, parceira do Planeta Inseto, que foram recepcionados por Antônio Batista Filho, diretor-geral do IB, e Harumi Hojo, pesquisadora do IB e responsável pelo Planeta Inseto.                                      
Um dos destaques do Museu, o jardim abriga 11 colônias de abelhas sem ferrão e foi idealizado para atrair e fixar polinizadores. Dessa forma, foram utilizadas 40 espécies diferentes de plantas como Amor-Agarradinho, Mini-Ixioria, Heliconia, Lantanas e instalada uma fonte de água. O espaço conta ainda com réplicas de joaninha (fase larval e adulta), cupim, barata, besouro e louva-a-deus. “As esculturas chamam a atenção das crianças e servem para que elas vejam em tamanho expandido as características morfológicas dos insetos”, afirmou Harumi.
Positivamente tocado pela beleza do local, Rubens Rizek recomendou que o espaço continue acessível. “Vamos dividir com a população o que nós temos de bom e belo. Nada de criar muros, a cidade já é muito árida ”, afirmou, destacando que, ao mesmo tempo que o IB se abre para compartilhar uma área tão bucólica com a comunidade, executa um trabalho didático ao demonstrar a importância dos polinizadores. “Esse é o trabalho do Instituto Biológico. É a pesquisa em ação. Aqui, uma família pode se reunir para um piquenique e os pais ensinarem às crianças a importância de preservar a natureza”, concluiu.
Jardim foi revitalizado e está aberto à população
A revitalização dos espaços contou com o apoio da Syngenta. De acordo com Antônio Batista, a parceria entre o Instituto Biológico e a empresa teve início em 2014, com o lançamento do Recanto das Abelhas. “Esta cooperação é muito importante, pois permite fazer melhorias de forma mais dinâmica no Planeta Inseto. A Syngenta tem nos ajudado na divulgação da mostra e na criação de novos espaços para o público”, afirmou o diretor do IB.
A Syngenta apoia também um projeto de pesquisa do IB com polinizadores no cafezal urbano do instituto. Os primeiros resultados da pesquisa mostram aumento de 35% da produção de café em decorrência da preservação dos polinizadores no local. Luiz Dinnouti também celebra a parceria. “Temos grande preocupação com o uso incorreto de substâncias que são potencialmente perigosas para o meio ambiente, porque são inseticidas e os polinizadores podem ser atingidos se os produtos não forem utilizados corretamente e as boas práticas agrícolas não forem observadas. Com esse espaço, conseguimos cumprir parte de nossas metas de sustentabilidade”, afirmou.

Planeta InsetoConcebido com o objetivo de atender crianças e adolescentes de quatro a 16 anos, o Planeta Inseto faz sucesso com visitantes de todas as idades. Além das abelhas, o público pode ver baratas praticando corrida, lagartas tecendo fios de seda, formigas trabalhando em sistema organizado, bicho-pau, que se assemelha a gravetos, e técnicas de controle biológico de pragas. Ao todo são 25 atrações. Desde 2010, já recebeu mais de 300 mil pessoas em sua exposição fixa e nas mostras itinerantes. O objetivo é promover a educação ambiental e divulgação da ciência de forma lúdica e interativa. É uma ótima opção de passeio para a criançada nas férias!
Exposição Planeta Inseto
Quando: De terça a domingo, das 9h às 16h
Onde: Museu do Instituto Biológico
Endereço: Av. Dr. Dante Pazzanese, 64, Vila Mariana, São Paulo/SP (próximo estação Ana Rosa do metrô)
Contato: (11) 2613-9500 / 2613-9400 - planetainseto@biologico.sp.gov.br


Por: Nara Guimarães
Fotos: Hélio Filho

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Cientistas estão maravilhados com descoberta de “abelhas do mar”

Fonte: Exame

Até então, os cientistas acreditavam que a "tarefa" de transportar pólen de flor para flor era realizada apenas pelas correntes oceânicas. Só que não.

Erva marinha: "abelhas" marinhas ajudam a carregar o pólen das flores masculinas de ervas marinhas para os receptores das flores femininas. (Eloi_Omella/Thinkstock)

São Paulo – Em geral escondidos de nossos olhos e ainda pouco estudados, os ecossistemas marinhos formam um oceano de surpresas para os cientistas, e isso não é um exagero.
Pela primeira vez,  um grupo de pesquisadores descobriu que os oceanospossuem polinizadores que realizam o mesmo trabalho das abelhas na terra, contribuindo para a manutenção e promoção da biodiversidade marinha.
Os benfeitores em questão são crustáceos pequeninos que, em suas andanças diárias em busca de alimento, ajudam a carregar o pólen das flores masculinas de ervas marinhas para os receptores das flores femininas, facilitando o processo de reprodução vegetal.
A recente descoberta, publicada na revista Nature Communications, revelou-se um marco para a zoologia aquática. Isso porque, até então, os cientistas acreditavam que a “tarefa” de espalhar os pólens das plantas marinhas era realizada apenas pelas correntes oceânicas.
Entre 2009 e 2012, os pesquisadores da Universidade Autônoma do México filmaram as andanças  noturnas dos pequenos invertebrados entre ervas marinhas do tipo grama-tartaruga (Thalassia  testudinum). Eles repararam que os crustáceos visitavam mais as plantas de flores masculinas que tinham pólen do que as que não tinham.
Veja no vídeo abaixo:


Para confirmar a ocorrência do processo de polinização, os cientistas colocaram uma variedade de pequenos crustáceos em um aquário com a grama-tartaruga. Em questão de minutos, foi observada a presença de pólen nas flores femininas. O mesmo não ocorreu no aquário de controle, onde os invertebrados não estavam presentes.
Imagem mostra pequenos invertebrados carregando pólen no mar. (Estudo Experimental evidence of pollination in marine flowers by invertebrate fauna.)
Até agora, este processo só foi observado em grama-tartaruga, que tem flores grandes. Os cientistas ainda precisam descobrir se processo semelhante ocorre com outras 60 espécies de ervas marinhas.
Os prados de ervas marinhas são um ecossistema muito importante para as zonas costeiras. Eles fornecem abrigo e comida para uma variedade de animais, de invertebrados minúsculos aos peixes grandes, caranguejos, tartarugas e aos pássaros.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Pesquisa derruba mitos sobre polinização da castanheira

Fonte: Embrapa
Foto: Ronaldo Rosa

Muitas pessoas acreditam que a castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa, Lecythidaceae), uma das árvores mais exuberantes da Amazônia e de grande importância econômica para pessoas que vivem do extrativismo, depende de um único tipo de abelha para polinizar suas flores. Essa crença levava à hipótese de que, quando a árvore está isolada na pastagem, não produz frutos porque essa abelha não tem como chegar até a copa da castanheira. Isso porque acredita-se que o inseto depende das outras árvores da floresta para chegar até a copa da castanheira, que geralmente está a mais de 40 metros de altura. No entanto, pesquisas recentes derrubam essa crença. Cientistas descobriram que existem mais de 25 espécies de abelhas nativas de médio a grande porte responsáveis por levar o pólen entre as árvores de castanheira. Além disso, os estudos mostram que as abelhas têm capacidade de voar até a copa das castanheiras isoladas em pastagens.
A descoberta de que há uma grande quantidade de polinizadores da castanheira e que todos são abelhas nativas da Amazônia oferece grande vantagem a essa árvore. "Em uma situação de falta de uma das espécies de abelha, existirão outras que podem assumir o papel de polinizador, mantendo a formação de frutos, sementes e a perpetuação da castanheira", destaca a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (PA), Márcia Maués, que também é coordenadora da rede de pesquisa sobre polinização da castanheira-do-brasil, que vem desvendando esse e outros mitos sobre a polinização dessa árvore tão importante para a Amazônia.
De acordo com Maués, os gêneros de abelhas que mais se destacam como polinizadores da planta são: Bombus, Centris, Eulaema, Eufriesea, Epicharis Xylocopa, sendo Xylocopa frontalis, Eulaema bombiformis, Eulaema mocsaryi, Centris denudans Bombus transversalis as espécies mais frequentes. Esses insetos são capazes de voar longas distâncias e entram na flor por meio de movimentos vigorosos das pernas anteriores, acessando tanto o pólen quanto o néctar da flor. Abrir a flor é a tarefa mais difícil, por isso é que se achava que poucas espécies de abelhas eram capazes de realizar a polinização. Alguns autores chegaram a relatar que apenas uma espécie desse inseto teria capacidade de executar a polinização das castanheiras.

Castanheira em pastagens

A pesquisadora da Embrapa Rondônia, Lúcia Wadt, explica que essa dedução bem popular de que as abelhas não tem acesso às copas de castanheiras isoladas no pasto vem do fato de diversos estudos relatarem que uma castanheira isolada não pode dar frutos porque existe algum mecanismo em que a fertilização só ocorre quando a flor recebe pólen de outra árvore geneticamente diferente. Para receber esse pólen, a castanheira isolada dependeria que as abelhas polinizadoras percorressem longas distâncias de espaço vazio na pastagem.
Para desmistificar isso, foi feito um estudo de fluxo gênico em castanheiras isoladas na pastagem, em que foi possível estimar a distância entre o pai (doador de pólen) e a mãe (produtora de sementes) de uma plantinha obtida pela germinação das sementes de uma castanheira isolada no pasto. Para fazer essa estimativa de fluxo de pólen, foram coletados frutos de oito castanheiras distribuídas em uma pastagem no município de Senador Guiomard, no Acre, e obtidas as sementes para produção de mudas.
Além disso, todas as castanheiras da pastagem e outras presentes em floresta próxima, mapeadas em uma área de aproximadamente 163 ha, tiveram material vegetal coletado para extração de DNA e genotipagem em laboratório a fim de verificar uma possível paternidade. Foram genotipados também dez mudas de cada castanheira-mãe. Com os genótipos das mães, dos filhos e dos possíveis pais, foi possível identificar quais foram os pais de cada muda feita no viveiro. Esse procedimento é o mesmo utilizado em testes de paternidade.
Os resultados mostraram que houve troca de pólen entre castanheiras que estavam a distâncias variando de 104 metros a 911 metros, sendo a média 442 metros. Foram identificados pais que estavam tanto na floresta vizinha como na pastagem, e que mesmo árvores distantes sem nenhuma vegetação entre elas foram visitadas pelas abelhas, pois houve troca de pólen. "Descobrimos que a incapacidade de as abelhas voarem até a copa das castanheiras isoladas em pastagens é um mito", revela Lúcia Wadt. Essa informação pode ter impacto no interesse das pessoas em plantar a castanheira em áreas abertas como é o caso de pastagens.
A descoberta desvenda apenas uma das hipóteses da baixa produção de frutos em castanheiras isoladas em pastagens. A pesquisadora afirma que ainda não se sabe quais fatores limitam a produção das castanheiras isoladas, mas, com certeza, o microclima e condições de stress fisiológico em que essas árvores se encontram tem algum efeito. "O que não podemos mais sair dizendo por aí é que a castanheira isolada no pasto não produz frutos porque as abelhas não conseguem chegar até sua copa", conclui.
Renata Silva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia

Telefone: (69) 3219-5011 / 5041

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
Foto: Marcelo Cavalcante

Foto: Marcelo Cavalcante

sábado, 19 de novembro de 2016

Alguém enfim esclareceu o famoso cadastro no CTF/APP.


Finalmente uma boa alma decidiu explicar para os integrantes de um grupo no whatsapp o passo a passo para cadastro no até então confuso sistema do IBAMA, o CTF/APP...
Todos os créditos são da ilustre Dra. Genna Sousa, quem divulgou no grupo, e do Dr. Wilson Gussoni.
Segue texto e link divulgados por ela:
"O Cadastro Técnico Federal (CTF/APP) é necessário para os criadores de Abelhas Nativas sem necessidade de Licenciamento Ambiental para Meliponários com até 49 caixas. No caso de apiários não há um limite de caixas preestabelecido por se tratar de espécie exótica (observar legislação especifica). O CTF é uma garantia de registro do Meliponário e ou Apiário que servirá para as devidas medidas de proteção para os criadores caso ocorra pulverizações e morte de abelhas.

Ela também me esclareceu que este cadastro só gera custos para meliponários com mais de 49 colônias de abelhas sem ferrão.

Obrigado Genna, pela excelente divulgação!


- Genna Sousa é Doutora em Ciências Agrárias, linha de pesquisa Bioecologia e Nutrição de Insetos e Microrganismos pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB; Mestre em Agronomia, linha de pesquisa Polinização pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB; Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Atualmente é professora Parfor/UESB e Coordenadora do Laboratório de Apicultura e Meliponicultura, onde desenvolve pesquisa utilizando a Própolis das abelhas nativas e exóticas, como substância antibacteriana, fungicida, larvicida e repelente de insetos. É Diretora de Meliponicultura da Federação Baiana de Apicultura e Meliponicultura e membro da Rede de Acadêmicos do Grupo Internacional Terra Madre na Itália. -

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Transporte de colônias afeta a estrutura genética de abelhas sem ferrão

Por: Elton Alisson | Agência FAPESP 
Prática de meliponicultores de conduzir colmeias de um lugar para outro tem feito com que o perfil genético de populações de abelhas manejadas nas Américas torne-se cada vez mais padronizado, aponta estudo ( Foto: Scaptotrigona hellwegiri/ Ricardo Ayala)
O transporte não regulamentado de colônias de abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponini) por meliponicultores nas Américas tem feito com que o perfil genético de populações desses polinizadores-chave para diversas plantas e culturas agrícolas torne-se cada vez mais padronizado.
Um dos possíveis impactos dessa homogeneização genética poderá ser o desaparecimento de populações de abelhas melhor adaptadas a determinadas condições climáticas e ambientais, aponta um estudo internacional realizado por pesquisadores do Brasil em colaboração com colegas dos Estados Unidos, Portugal e Espanha.
Resultado de um pós-doutorado e de estágio de pesquisa no exterior, realizados com Bolsa da FAPESP, o estudo foi publicado na revista Molecular Ecology.
“Constatamos que a prática não regulamentada e sem controle de transportar colônias tem feito com que as populações das abelhas sem ferrão nas Américas fiquem geneticamente mais homogeneizadas”, disse Rodolfo Jaffé, pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e primeiro autor do artigo, à Agência FAPESP.
Os pesquisadores analisaram durante o estudo uma série de fatores que hipoteticamente poderiam influenciar o fluxo genético de abelhas sem ferrão, tais como a distância geográfica entre as populações, as práticas de manejo dos meliponicultores, o tamanho das abelhas, as mudanças no uso da terra (como o desmatamento) e as condições ambientais (como temperatura, elevação e chuva) de seus habitats naturais.
Para isso, analisaram dados de 135 populações silvestres e manejadas de 17 espécies de abelhas sem ferrão, distribuídas em diversos biomas tropicais nas Américas, para as quais estavam disponíveis na literatura estimativas de distâncias genéticas entre populações baseadas em marcadores moleculares microssatélites.
Com base nos dados fornecidos por esses marcadores microssatélites (pequenas regiões do DNA, que variam de um indivíduo para outro), eles estimaram o grau de isolamento pela distância geográfica – a diferenciação genética em relação à distância geográfica – das populações das 17 espécies de abelhas.
Os resultados das análises indicaram que o isolamento pela distância geográfica das populações das espécies de abelhas foi significativamente afetado pelo transporte de colônias pelos meliponicultores.
As espécies de abelhas sem ferrão manejadas apresentaram menor isolamento por distância em comparação com as espécies silvestres.
“O natural seria que, quanto maior a distância entre as populações de abelhas manejadas, maior também deveria ser a diferenciação genética entre elas. Mas não foi isso que constatamos”, afirmou Jaffé.
Os pesquisadores observaram esse padrão de menor diferenciação genética em relação à distância geográfica nas populações manejadas das 17 espécies de abelhas sem ferrão analisadas.
“Isso indica que, muito provavalmente, os melipolinicultores estejam transportando colônias de uma região para outra, e que essa prática tem causado a padronização do perfil genético dessas abelhas”, estimou Jaffé.
Impactos
De acordo com o pesquisador, o transporte de colônias de abelhas sem ferrão é uma prática comum entre os melipolinicultores e recomendada no caso de áreas desmatadas, que perderam suas populações naturais de abelhas.
Já no caso de áreas preservadas, a recomendação é manter a dinâmica natural das populações de abelhas existentes ao não introduzir abelhas de outras regiões.
“A prática de transporte de colônias de abelhas sem ferrão é delicada e deveria ser regulamentada e controlada”, afirmou Jaffé. “O transporte de colônias pode ser permitido dentro da área de distribuição natural de uma espécie, desde que as colmeias sejam saudáveis e as populações sejam previamente avaliadas”, apontou.
De acordo com ele, um dos possíveis impactos causados pelo transporte não controlado de colônias de uma região para outra é a introdução de doenças em lugares onde não existiam.
Outro problema é a perda de populações de abelhas até então isoladas, que estavam adaptadas às condições climáticas e ambientais de seus habitats naturais, e que podem desaparecer com a chegada de novas populações.
“A introdução de abelhas de um determinado lugar em outro pelo transporte de colônias tem causado a perda da diferenciação genética que existia entre as abelhas desses dois lugares diferentes”, apontou Jaffé.
Dispersão limitada
Estima-se que as abelhas sem ferrão são particularmente suscetíveis à degradação ambiental em razão de sua dispersão limitada.
As colônias-filhas das abelhas sem ferrão se estabelecem próximas às colônias-mães porque dependem de recursos de seus entes maternos durante seus estágios iniciais de desenvolvimento.
A dispersão limitada desse grupo de abelhas, que são essenciais para a reprodução de muitas espécies de plantas e polinizadores críticos para diversas culturas agrícolas, torna-as particularmente sensíveis a mudanças no uso da terra, como as provocadas por desmatamento, explicou Jaffé.
“Se uma área de floresta primária é desmatada, as abelhas que habitavam aquele local terão dificuldade de se deslocar para outra região e encontrar outro habitat em razão de sua dispersão limitada”, estimou o pesquisador.
Estudos anteriores estimavam que a degradação dos habitats naturais também poderia dificultar o fluxo de genes das abelhas sem ferrão e conduzir ao esgotamento da diversidade genética, aumentando o risco de extinção de populações desses animais. E que a topografia, temperatura e níveis de precipitação também poderiam influenciar os padrões de diferenciação genética das populações de abelhas.
Os pesquisadores verificaram durante o estudo, contudo, que os fatores ambientais e o desmatamento não tiveram efeito sobre a diferenciação genética das espécies de abelhas analisadas.
“Essas espécies de abelhas sem ferrão estão conseguindo se dispersar e manter fluxo genético através de diferentes gradientes altitudinais, padrões de temperatura e de precipitação e em áreas desmatadas”, afirmou.
Essa constatação sugere que para assegurar a conservação dessas espécies de abelhas sem ferrão não é tão importante manter a conectividade entre as populações, uma vez que já estão conectadas, mesmo em áreas desmatadas. Mas, sim, promover a manutenção e a recuperação de ambientes “amigáveis” aos polinizadores – onde existam recursos suficientes para o estabelecimento das colmeias e a alimentação das abelhas–, apontou Jaffé.
“Uma vez que essas abelhas conseguem se dispersar por ambientes heterogêneos, elas precisam de ambientes com recursos suficientes para estabelecer seus ninhos e de flores para se alimentar de seu néctar”, afirmou.
O artigo “Beekeeping practices and geographic distance, not land use, drive gene flow across tropical bees” (doi: 10.1111/mec.13852), de Jaffé e outros, pode ser lido na revista Molecular Ecology emonlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/mec.13852/abstract;jsessionid=6ABAA791F75815FE8EA88AF8AEC8DAC7.f01t02.

domingo, 16 de outubro de 2016

Dia Mundial da Alimentação

16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação!!
Então que tal falar um pouco sobre um doce e nutritivo alimento?! O mel:

Fonte: Wikipédia


O mel é o único produto doce que contém proteínas e diversos sais minerais e vitaminas essenciais à nossa saúde. Além do alto valor energético, possui conhecidas propriedades medicinais, sendo um alimento de reconhecida ação antibacteriana.
mel, assim como a cera produzidas pelas abelhas eram de extrema importância para os nativos das Américas. O mel era consumido ao natural ou usado para adoçar outros alimentos. A cera de abelha era usada na confecção de instrumentos musicais, na vedação de utensílios, como cola, polimento e lubrificação de artefatos e também na iluminação[32].
Os Asteca do México incorporavam o mel nas suas refeições matinais. As classes mais baixas tomavam atole (pasta de milho com água quente) adoçada com mel ou temperada com pimenta. As classes abastadas tomavam chocolate com mel e baunilha, ou milho adocicado, pimenta ou suco fermentado de agave[33].
Os Panará de Mato Grosso[34], os Parakanã do Pará[35] assim como os Kaiapó da Amazônia[36] e os Tapirapé[37] e os Bakairi[38] de Mato Grosso buscavam em suas coletas o mel, que adoravam. As mulhetes dos nativos Erigpagtsá ou Canoeiro do rio Juruena, no Mato Grosso, faziam um furo na casca do fruto do cacau, através do qual misturavam os caroços com a polpa e adicionavam mel. A iguaria era oferecida aos homens que comiam o conteúdo quebrando o fruto[39]. Entre os Surui de Rondônia os futuros pais faziam festa servindo bebida feita de mandiocaaçaí e mel aos convidados, mas os anfitriões não podiam bebê-la[40].
Além de o saborearem ao natural, nativos do rio Negro faziam um prato cortando o abacaxi em quatro e o ralavam com a casca. A massa era misturada ao mingau de tapioca e cozida com mel[41]. Os Wari de Rondônia coletavam e consumiam até o início do século XXI frutos de vários tipos de palmeiras como patauáinajátucumãburitibabaçu e pupunha. Estes e outros frutos eram consumidos puros ao longo do dia ou acompanhados de bebidas doces feitas de milho, mel, tubérculos ou frutos[42].
Na década de 1940, enquanto os homens partiam em viagens de caça com o arco e flecha, uma rede de dormir às costas e espigas de milho, as mulheres dos Tupari do Pará faziam excursões diárias à floresta em busca de pequenos peixescaranguejos e outros crustáceos e larvas de insetos, que eram consumidas com mel[43].
Os Paresi, do Mato Grosso, eram uns dos poucos índios da América do Sul que domesticavam abelhas. Mantinham-nas em cuias com duas aberturas, uma para a entrada dos insetos e outra, bloqueada com cera, por onde eram retirados os favos[44]. Muitas tribos, como as que habitavam a Sierra Nevada de Santa Marta, na Colômbia, e as do oeste da Venezuela e os Maia de Cuitamal (México) praticavam a meliponicultura, ou seja, criavam abelhas para obtenção do mel. Indígenas das Américas criavam abelhas sem ferrão dos gêneros Trigona ssp. e Melipona spp.. Com a introdução das abelhas com ferrão do gênero Apis spp. pelos europeus a partir de 1622 índios do México e América Central lideraram sua domesticação e criação[45].
Os Araweté do Pará ainda valorizam sobremaneira o consumo de mel de abelhas e vespas e os classificam em 45 tipos, comestíveis ou não. Associam a época de seu intenso consumo, que se inicia em setembro, à chegada à aldeia do espírito do Ayaraetã, o pai do mel, atraído pelos chamãs[46].
Os Kaiapó da Amazônia conheciam mais de cinquenta espécies de abelhas e as comiam cruas, assim como os marimbondos[36]. Os Rikbaktsa do Mato Grosso empregam o mel como adoçante, misturado à água e para adoçar uma grande variedade de refrescos e sopas feitos de inúmeros vegetais[47].
Quando algum índio Cinta Larga do Mato Grosso em viagem ou caçada encontrava árvore com colmeia na floresta ele marcava o local e dias depois organizava excursão para retirar o mel. Também era o responsável por limpar o local, orientar a derrubada da árvore, remover os favos e distribuí-los aos companheiros, ficando com a maior parte para ele e sua família[48]. Quando a colmeia era no solo os índios que estavam na frente colocavam um pedaço fino de madeira na entrada. Os que estavam atrás cavavam buracos que chegavam a três metros de profundidade para chegar à colmeia[49].
Os Botocudo de Minas Gerais quebravam com pedras o tronco da árvore que continha a colmeia expondo os favos. O mel era coletado com cascas de árvores e devorado[50]. Transportavam o mel embebido em grandes bolas feitas do miolo do tronco de uma árvore[51]. Os Parakanã do Pará derrubavam as colmeias das árvores e para transportar o mel, envolviam os favos em pínulas da palmeira jussara[35]. Outra maneira de alguns índios transportarem o mel era colocá-lo em uma vasilha confeccionada com folhas sobrepostas e amarradas pelas duas extremidades[52].
Em algumas tribos amazônicas acreditava-se que a pessoa que estava plantando milho não podia se aproximar do fogo, não podia ter contato com certos peixes, principalmente os que se alimentavam de folhas e o mel da abelha jandaíra lhe era proibido[39]. Os Kaiapó da Amazônia acreditavam que o grande herói e feiticeiro mitológico Bep-korôrô-ti morava nas nuvens e alimentava-se de mel e para obtê-lo lançava ventos e relâmpagos para quebrar galhos e derrubar árvores. Para acalmá-lo os índios ofereciam a ele oferendas e alimentos. Supunham também que os marimbondos possuíam sociedade semelhante à do homem[36].