domingo, 10 de abril de 2016

Paraná avança na regulamentação da produção de mel de abelhas sem ferrão

Fonte: Agência de notícias do Paraná Publicado em 08/04/2016 16:20


O Paraná está avançando na regulamentação da meliponicultora, a produção de mel de abelhas nativas sem ferrão. Em janeiro deste ano, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento criou um grupo de estudos, dentro das ações da Câmara Técnica de Meliponicultura, para estabelecer as regras de produção, beneficiamento e comercialização do mel e demais produtos das abelhas sem ferrão. O grupo é formado por produtores, técnicos, universidades e institutos de pesquisa. 

O Estado foi escolhido para a primeira reunião da Comissão de Estudo Especial de Meliponicultora da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), promovida nesta sexta-feira (08) na sede da Secretaria da Agricultura, em Curitiba. A comissão foi constituída no dia 5 de fevereiro com o objetivo de criar as normas que envolvem a cadeia produtiva da meliponicultora. 

Humberto Bernardes Júnior, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) e secretário-executivo da Câmara Técnica, explicou que, com a regulamentação, o Estado saberá o número de criadores de abelhas sem ferrão e contribuirá com a comercialização dos produtos da meliponicultora. 

“Hoje não temos muitos dados disponíveis porque não existe esse controle, mas sabemos que existem muitos criadores, alguns para a retirada do mel e outros apenas por hobby”, disse Bernardes. “Com a regulamentação no Estado, poderemos cadastrar os produtores, confirmar o número de caixas e espécies de abelhas, para traçar um perfil mais completo dessa atividade”, explicou. 

Atualmente, apenas três empresas no Paraná têm a regulamentação da atividade para criar as abelhas e comercializar o mel. Duas empresas, de Prudentópolis e Ortigueira, obtiveram a regulamentação junto ao Ministério da Agricultura. E outra empresa, a Coopercriapa, de Antonina e Guaraqueçaba, conseguiu o registro junto à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Apenas dois estados brasileiros – Bahia e Rio Grande do Sul – regulamentaram a atividade. 

POLINIZADORAS – As abelhas sem ferrão têm uma importante função ambiental, já que são responsáveis por até 80% da polinização das plantas. Ao menos 35 espécies de abelhas nativas são encontradas no Paraná, das quais cerca de dez produzem mel e outros produtos da meliponicultora, como o própolis. Entre elas estão a Jataí, Manduri, Mandaçaia, Tubunas e as abelhas mirins. 

Mesmo com uma produção menor do que as abelhas da espécie Apis (com ferrão), o mel das abelhas nativas é bastante valorizado. Cada caixa de Jataí produz de 800 gramas a um quilo de mel por ano, enquanto uma caixa de Apis rende até 25 quilos por ano. 

O preço por quilo, porém, compensa. Para se ter uma ideia, um quilo de mel de abelha Apis, mais disponível na natureza, é comercializado por R$ 20,00 a R$ 25,00. O preço do mel da Jataí, que tem propriedades medicinais, varia de R$ 60,00 e R$ 100,00 o quilo. 

De acordo com Humberto Bernardes, os produtores que criam abelhas Apis também podem introduzir as abelhas sem ferrão em sua propriedade. “Elas podem conviver em conjunto, mas é importante destacar que elas competem pelo néctar das flores, então é preciso um bom espaço para criar as duas espécies”, disse. 

Ele explica que as abelhas nativas têm a vantagem de não oferecer risco a seus criadores. “Como elas têm o ferrão atrofiado, elas não prejudicam as pessoas. Tanto crianças como adultos podem conviver com essas abelhas”, afirma. “Os cuidados para a criação são mínimos. Você precisa captar as abelhas na natureza com iscas feitas de garrafas PET, que depois de capturadas podem ser transferidas para as caixas. Mas nunca se deve retirar da natureza as colmeias já formadas, que ficam nos troncos das árvores”, ressalta. 

NORMALIZAÇÃO – A ABNT, que cria e homologa as técnicas de diversas atividades e produtos utilizados no Brasil, iniciou no ano passado, em parceria com o Sebrae, a discussão das demandas da cadeia produtiva do setor de meliponicultura nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. De acordo com o analista técnico e coordenador da Comissão de Estudo da ABNT, Newton Ferraz, a normalização pode contribuir com uma regulamentação nacional do setor. 

“O setor hoje não tem referência alguma, a profissão de meliponicultor sequer existe oficialmente. A criação das normas é uma primeira iniciativa, que, por sua vez, pode ser incluída em um futuro regulamento do Ministério da Agricultura”, explicou Ferraz. 

Três normas envolvendo a meliponicultura devem ser publicadas neste ano, compreendendo o sistema de produção no campo, extração, manipulação, transporte; a instalação de meliponário, criação e manejo racional das diversas espécies de abelhas sem ferrão para o seu uso na polinização dirigida, na educação ambiental e para a produção de seus diversos produtos; e a utilização racional de equipamentos, materiais e utensílios, incluindo a terminologia, requisitos, sistema de rastreabilidade e métodos de ensaio. 

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