sábado, 7 de novembro de 2015

Produção alada

Empresas desenvolvem métodos de criação de insetos para polinização e combate a pragas

EVANILDO DA SILVEIRA | ED. 236 | OUTUBRO 2015 em Pesquisa FAPESP

© LÉO RAMOS
Mamangava (Xylocopa suspecta) em estufa de criação da empresa Florilegus, em Jundiaí (SP)
Mamangava (Xylocopa suspecta) em estufa de criação da empresa Florilegus, em Jundiaí (SP)
Ninhos da abelha nativa mamangava devem estar disponíveis nos próximos meses para venda a produtores de maracujá. Quando presente na plantação, essa abelha aumenta o número de frutos nos maracujazeiros por meio da polinização. Os insetos estão sendo produzidos ainda em escala-piloto pela empresa Florilegus, de São Paulo, que iniciou as atividades em 2013 com o objetivo de produzir e vender ninhos de mamangava da espécie do gênero Xylocopa. “Em vários países, as pessoas e os governos estão se mobilizando para aumentar a presença de polinizadores, essenciais na cadeia produtiva agrícola, que muitas vezes são afetados com o uso intensivo de inseticidas na lavoura”, explica a zootecnista Paola Marchi, fundadora da Florilegus. “O Brasil, por exemplo, é um dos maiores produtores de maracujá e a presença das abelhas de grande porte, como as mamangavas, é essencial porque as flores não polinizadas não geram frutos. Essas abelhas estão cada vez mais escassas nos cultivos e existe uma demanda crescente pelos serviços de polinização”, diz.
Os produtores poderão adquirir ninhos contendo os insetos recém-emergidos, que poderão ser liberados nos cultivos em florescimento. “A quantidade adequada por área e o tempo indicado de permanência nas plantações ainda estão sendo ajustados”, conta Paola. O que se sabe é que essa espécie frequentemente reutiliza seus ninhos antigos e, por isso, pode permanecer nas áreas cultivadas com maracujá por várias gerações. Mas para isso é necessário que haja condições adequadas para sua sobrevivência, como a existência de outras plantas das quais elas possam coletar o pólen, fonte de proteína, porque as flores de maracujá fornecem a ela apenas o néctar, que é a fonte de energia.
Para desenvolver a tecnologia de criação das mamangavas, a pesquisadora estuda aspectos reprodutivos desses insetos, como a capacidade das fêmeas em gerar descendentes. “Além disso, o armazenamento e o período de incubação de indivíduos imaturos estão sendo testados com diferentes temperaturas para prever e manipular o surgimento das mamangavas”, diz Paola. “Estamos desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas para multiplicar os ninhos, como também seu transporte e instalação nos cultivos.”

Em outra empresa, a Promip, de Engenheiro Coelho, na Região Metropolitana de Campinas, está em desenvolvimento uma tecnologia para a criação de abelhas nativas para polinização. É uma espécie sem ferrão, conhecida como mandaguari (Scaptotrigona depilis), que vive em colônias e pode polinizar culturas como morango, tomate e café, por exemplo. “Nós começamos o projeto em 2010”, conta o sócio-fundador Marcelo Poletti. “Ele foi dividido em três etapas: avaliação em laboratório da produção em massa, estudo da compatibilidade dos insetos com os produtos químicos usados na agricultura e da eficácia no campo. Estamos na última fase e devemos começar a venda dos ninhos em 2016.”
Matéria na íntegra aqui.

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