sábado, 30 de abril de 2016

Chuva de veneno mata abelhas e destrói produção de mel no interior do RS

Série de reportagens mostra como o uso excessivo de agrotóxicos em lavouras causa danos irreversíveis para comunidade de abelhas no estado.

27 de abril de 2016

Matéria I - Apicultores afirmam que a mortandade de colmeias inteiras está liagda à soja transgênica (1).jpg

Apicultores afirmam que a mortandade de colmeias inteiras está liagda à soja transgênica

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Colaboração: Leandro Molina

Que desde 2009 o Brasil lidera o ranking dos países que mais consomem veneno no mundo já é de conhecimento de grande parte da população brasileira. A média nacional é de 7,5 litros por habitante. No Rio Grande do Sul o consumo estimado é de 8,5 litros por pessoa.

Dados apontam que o uso sem controle de agrotóxicos em lavouras, principalmente aplicados pela pulverização aérea, causa enormes danos para as abelhas.

Contrário ao que muitos pensam, esses produtos químicos e nocivos à saúde humana e ao meio ambiente também comprometem de forma significativa a produção de mel e de outros alimentos. O resultado é que colmeias inteiras estão morrendo, e isso pode afetar toda a população na produção mundial de alimento.

A partir de hoje, publicaremos a série “Tem veneno no seu mel”, que contém três reportagens que mostram os efeitos dos agrotóxicos e da soja transgênica na região da Campanha do Rio Grande do Sul, onde dezenas de apicultores se veem sem alternativas para combater o avanço do agronegócio em áreas de assentamentos da reforma agrária. Para esta primeira reportagem, conversamos com alguns assentados produtores de mel, que contam quando e como começaram a ser vítimas dos problemas oriundos do modelo de produção do agronegócio.

Matéria I - Seu João Machado perdeu todas as colmeias em poucas horas, após perceber que vizinhos passavam veneno nas lavouras.jpg

Seu João Camargo perdeu todas as colmeias em poucas horas, após perceber que vizinhos passavam veneno nas lavouras

“Em três horas as abelhas estavam todas mortas”

A morte repentina e em massa, de abelhas, tem preocupado apicultores assentados da reforma agrária da região da Campanha. A fatalidade, que se intensificou nos últimos três anos, mostra que há fortes indícios de estar relacionada ao monocultivo de soja transgênica e ao uso abusivo de agrotóxicos.

Assentado no município de Hulha Negra, seu João Carlos Camargo, 55 anos, trabalha com produção de mel há mais de três décadas. Ele conta que, com o passar dos anos, perdeu algumas abelhas por questões naturais e climáticas, mas nada comparado ao ocorrido nos últimos três anos, quando se intensificou o plantio de soja transgênica em toda a região.

“Quando se trabalha com abelhas é normal ter alguma perda por ataques de insetos ou falta de alimentos, mas nos últimos anos tive perda total das colmeias e de forma diferente das outras situações, pois elas estavam em ótimas condições”, explica Camargo.

A primeira morte em massa das colmeias do assentado ocorreu em 2014, quando, em trabalho de monitoramento, percebeu que havia algo anormal com as abelhas. Naquele ano, ele perdeu suas 30 colmeias, o que correspondeu a cerca de 2 mil quilos de mel não colhidos.

“Estavam passando veneno aqui perto do lote, então fui até as colmeias e vi que as abelhas estavam morrendo. Em questão de duas ou três horas elas estavam todas mortas. E assim aconteceu em 2015, quando também tive perda total, não sobrou nada”, lamenta.

Seu João relata que na região, além de estar cercada pela soja transgênica, a aplicação de veneno de forma indiscriminada tem se tornado uma prática cada vez mais comum. “Não tenho dúvidas que a morte das colmeias é resultado do uso de coquetéis de veneno que aplicam sem critério algum em cima da terra, visando uma única cultura e acabando com a biodiversidade de abelhas, insetos, plantas e animais”, avalia.

Consequências do desaparecimento das abelhas

A polinização é o transporte de pólen de uma flor para outra. Este processo permite a que as flores sejam fecundadas, e a partir daí começa o desenvolvimento de frutos e sementes. Isso ocorre de várias formas, seja pelo vento, água ou borboletas, por exemplo. As abelhas têm uma grande capacidade de polinização. Este tipo de inseto é pequeno no tamanho, mas com uma eficiência e importância grande para a vida na Terra. Sem abelhas há prejuízo, não só na produção de mel, mas em toda a produção agrícola e vegetal, o que compromete de maneira grave a vida em geral.

Mortandade de abelhas se intensificou nos últimos anos na região da Campanha (1).jpg

Mortandade de abelhas se intensificou nos últimos anos na região da Campanha 

Problema não é isolado

A mortandade de colmeias também atingiu o assentado Amarildo Zanovello, 48 anos, que tem na apicultura o carro-chefe de sua renda familiar. Ele também trabalha há mais de três décadas com a produção de mel, e hoje toca o cultivo junto a outras duas famílias do assentamento Roça Nova, no município de Candiota.

Ele lembra que em 1999, quando ainda não havia o avanço da soja transgênica na região, colhia em média 65 quilos de mel por colmeia, o que é considerado pelo assentado como altíssima produção. Segundo ele, a média de produção de cada colmeia no Brasil fica em torno de 25 quilos de mel.

“Não tínhamos problemas com venenos, os campos eram livres e tinham muita florada. Mas com a entrada da soja, a partir de 2008, o cenário mudou. Hoje, alcançamos a média de 40 quilos por colmeia, e ainda estamos acima da média nacional. Muitas abelhas acabam se contaminando com venenos quando saem para coletar néctar. Na maioria das vezes, ao voltar para as colmeias, elas contaminam e levam também à morte outras abelhas”, argumenta.

A primeira perda expressiva de abelhas do grupo de trabalho de Zanovello aconteceu entre 2012 e 2013, quando foram perdidas 50 colmeias, o equivalente a duas toneladas de mel. O prejuízo, à época, foi R$ 20 mil. “Fomos colher mel e as abelhas estavam todas mortas. Tenho certeza que foi por causa de veneno. Geralmente, quando acaba o ciclo de vida de uma abelha ela voa longe, não morre perto da colmeia. Tivemos que destruir tudo, pois não deu pra aproveitar o mel”, lembra.

O assentado Elio Francisco Anschau trabalha com produção de mel há mais de dez anos e também está na lista das vítimas dos venenos e da soja transgênica. Recentemente, ele perdeu dez caixas de abelhas. A produção perdida também servia para o consumo da família.

“As mortes são consequências do plantio da soja, que tem aumentado de forma alarmante nos últimos anos aqui na Campanha. As abelhas ainda convivem com os venenos contrabandeados, que são proibidos no Brasil, mas entram facilmente na região por estar localizada perto da fronteira. Por esses fatores, o cultivo de mel não é mais rentável e não dá mais retorno”, lamenta.

sábado, 16 de abril de 2016

Meliponicultura como atividade de Reinserção Social


O Projeto Nascente – Polo Agroindustrial, configura-se como uma ação articulada entre vários órgãos do Governo do Estado do Pará para fomentar ações com o fito de atender as necessidades humanas e agroindustriais do Sistema Penitenciário Paraense, intensificando culturas por meio das parcerias, fazendo com que a Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel se torne referência no cenário nacional, com vista à intensificação das ações e métodos de Reinserção Social aos internos custodiados pela SUSIPE, naquela Unidade Penitenciária; O objetivo do Projeto se coaduna, sobretudo, com as diretrizes do Núcleo de Reinserção Social – NRS, tais como o comprometimento de ações voltadas à responsabilidade social, com a necessidade de reintegrar o ser humano preso, através de atividades educativas e laborativas que visem à capacitação e qualificação de mão de obra, a fim de reinseri-los à sociedade e ao mercado de trabalho em melhores condições, como forma de redução da reincidência criminal. Mantém 210 internos trabalhando e sendo capacitados nos sub projetos de criação de animais, cultivo de hortaliças, frutas, jardinagem, compostagem, meliponicultura, e outros.

Os Coitadinhos da Meliponicultura


Desde que o mundo é mundo tem pessoas que agem e tem pessoas que esperam que os outros façam.

Se passar por coitadinho é uma das estratégias para não fazer nada e ganhar as coisas de mão-beijada.

E, na meliponicultura Tb não é diferente, pois somos forjados na mesma sociedade...

Ocorre que na demanda para legalização, numa atividade que é praticamente ignorada, pois não produz e não movimenta bilhões ou trilhões na economia... Os passos se tornam bem mais complicados, pela falta de interesse dos setores que arrecadam impostos e, portanto, quem passa a vogar sobre os processos, são outras categorias, já conhecida por todos.

 

Evidente que nossa atividade não tem o potencial e aporte para competir com outras atividades comerciais, mas temos um valor ambiental imensurável e, que precisa ser valorizado e potencializado.

Ser “visto” e considerado, é uma tarefa quase impossível!!!!

E, pior ainda, quando são só alguns pingados pelo Brasil a ir em busca de condições mais adequadas para o setor...

Sendo que se mais produtores (criadores, vendedores, preservadores, pesquisadores, educadores, conservadores, consumidores....), se envolvessem, a atividade teria mais REPRESENTATIVIDADE social ou política, para conseguir os APOIOS necessários...

 

O fato é de que alguns simplesmente se omitem, achando que não são necessários no processo.

Outros, não participam, pois, pra eles a legislação não afeta em nada; Então tanto faz como tanto fez...

E, tem os que não se envolvem para não dar crédito aos que estão puxando a carroça... Como se os que estão a frente dos processos em cada Estado, fossem “ganhar” algo invejável a que os outros não pudessem ter, dai boicotam simplesmente pra não ver a coisa ir pra frente.

 

Lógico será que como alguns têm interesse políticos, aparecer dá créditos para futuras candidaturas, para Federações, Confederação, Vereador ou até os outros cargos nomeados ou eletivos, mas isso NÃO É A MINHA PRETENSÃO, como já registrei inúmeras vezes...


Ficar omisso, sem participara das atividades do setor, que precisam da participação individual de cada um, em cada região, cada Estado, para que a meliponicultura possa sair das mãos de alguns que se apossaram das ASF como se fossem particulares deles, SEM REPRESENTAR LEGITIMAMENTE os Criadores, é uma irresponsabilidade que tem prejudicado muito a legalização e prejudicando diretamente os que são atingidos por fiscalização.

 

Os diversos fatos contra os criadores, já relatados nos últimos 8 anos, comprovam isso, e negar é enfiar a cabeça num buraco e deixar o corpo de fora....

Fonte: retirado de um grupo de discussão na internet.
Ao pedir autorização do autor para reprodução do texto o mesmo disse "Nenhum texto é meu, só quando assino a folha de cheque... Deus é o Criador/inspirador de tudo que existe neste mundo! Ele sim é o dono de tudo. Nós somos só passageiros desse trem...." Por isso não quis assinar o mesmo!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

GIGANTE DA JARDINAGEM DEIXA DE COMERCIALIZAR QUÍMICOS QUE MATAM AS ABELHAS

Fonte: Revista Jardins / 14 de abril de 2016

A empresa Ortho, um dos maiores fornecedores de produtos de manutenção de plantas e jardins, acredita que é a primeira companhia no mundo a tomar uma medida do género

A Ortho, um dos gigantes da jardinagem dos EUA, acaba de anunciar que vai deixar de comercializar produtos químicos que matam as abelhas. Uma medida que vem na sequência de muitos apelos de especialistas e de associações ambientalistas, preocupados com o declínio mundial do número destes insetos, responsáveis pela polinização, processo sem o qual as espécies botânicas não se conseguem reproduzir.

Como um terço da dieta humana é constituído por vegetais, o problema da diminuição de abelhas em todo o mundo começa a fazer soar algumas campainhas, uma vez que estes animais são responsáveis por 80% da polinização mundial. Num passado recente, a empresa já tinha deixado de usar neonicotinoides, uma classe de inseticidas derivados da nicotina, nas gamas de produtos que comercializa.

domingo, 10 de abril de 2016

Paraná avança na regulamentação da produção de mel de abelhas sem ferrão

Fonte: Agência de notícias do Paraná Publicado em 08/04/2016 16:20


O Paraná está avançando na regulamentação da meliponicultora, a produção de mel de abelhas nativas sem ferrão. Em janeiro deste ano, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento criou um grupo de estudos, dentro das ações da Câmara Técnica de Meliponicultura, para estabelecer as regras de produção, beneficiamento e comercialização do mel e demais produtos das abelhas sem ferrão. O grupo é formado por produtores, técnicos, universidades e institutos de pesquisa. 

O Estado foi escolhido para a primeira reunião da Comissão de Estudo Especial de Meliponicultora da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), promovida nesta sexta-feira (08) na sede da Secretaria da Agricultura, em Curitiba. A comissão foi constituída no dia 5 de fevereiro com o objetivo de criar as normas que envolvem a cadeia produtiva da meliponicultora. 

Humberto Bernardes Júnior, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) e secretário-executivo da Câmara Técnica, explicou que, com a regulamentação, o Estado saberá o número de criadores de abelhas sem ferrão e contribuirá com a comercialização dos produtos da meliponicultora. 

“Hoje não temos muitos dados disponíveis porque não existe esse controle, mas sabemos que existem muitos criadores, alguns para a retirada do mel e outros apenas por hobby”, disse Bernardes. “Com a regulamentação no Estado, poderemos cadastrar os produtores, confirmar o número de caixas e espécies de abelhas, para traçar um perfil mais completo dessa atividade”, explicou. 

Atualmente, apenas três empresas no Paraná têm a regulamentação da atividade para criar as abelhas e comercializar o mel. Duas empresas, de Prudentópolis e Ortigueira, obtiveram a regulamentação junto ao Ministério da Agricultura. E outra empresa, a Coopercriapa, de Antonina e Guaraqueçaba, conseguiu o registro junto à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Apenas dois estados brasileiros – Bahia e Rio Grande do Sul – regulamentaram a atividade. 

POLINIZADORAS – As abelhas sem ferrão têm uma importante função ambiental, já que são responsáveis por até 80% da polinização das plantas. Ao menos 35 espécies de abelhas nativas são encontradas no Paraná, das quais cerca de dez produzem mel e outros produtos da meliponicultora, como o própolis. Entre elas estão a Jataí, Manduri, Mandaçaia, Tubunas e as abelhas mirins. 

Mesmo com uma produção menor do que as abelhas da espécie Apis (com ferrão), o mel das abelhas nativas é bastante valorizado. Cada caixa de Jataí produz de 800 gramas a um quilo de mel por ano, enquanto uma caixa de Apis rende até 25 quilos por ano. 

O preço por quilo, porém, compensa. Para se ter uma ideia, um quilo de mel de abelha Apis, mais disponível na natureza, é comercializado por R$ 20,00 a R$ 25,00. O preço do mel da Jataí, que tem propriedades medicinais, varia de R$ 60,00 e R$ 100,00 o quilo. 

De acordo com Humberto Bernardes, os produtores que criam abelhas Apis também podem introduzir as abelhas sem ferrão em sua propriedade. “Elas podem conviver em conjunto, mas é importante destacar que elas competem pelo néctar das flores, então é preciso um bom espaço para criar as duas espécies”, disse. 

Ele explica que as abelhas nativas têm a vantagem de não oferecer risco a seus criadores. “Como elas têm o ferrão atrofiado, elas não prejudicam as pessoas. Tanto crianças como adultos podem conviver com essas abelhas”, afirma. “Os cuidados para a criação são mínimos. Você precisa captar as abelhas na natureza com iscas feitas de garrafas PET, que depois de capturadas podem ser transferidas para as caixas. Mas nunca se deve retirar da natureza as colmeias já formadas, que ficam nos troncos das árvores”, ressalta. 

NORMALIZAÇÃO – A ABNT, que cria e homologa as técnicas de diversas atividades e produtos utilizados no Brasil, iniciou no ano passado, em parceria com o Sebrae, a discussão das demandas da cadeia produtiva do setor de meliponicultura nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. De acordo com o analista técnico e coordenador da Comissão de Estudo da ABNT, Newton Ferraz, a normalização pode contribuir com uma regulamentação nacional do setor. 

“O setor hoje não tem referência alguma, a profissão de meliponicultor sequer existe oficialmente. A criação das normas é uma primeira iniciativa, que, por sua vez, pode ser incluída em um futuro regulamento do Ministério da Agricultura”, explicou Ferraz. 

Três normas envolvendo a meliponicultura devem ser publicadas neste ano, compreendendo o sistema de produção no campo, extração, manipulação, transporte; a instalação de meliponário, criação e manejo racional das diversas espécies de abelhas sem ferrão para o seu uso na polinização dirigida, na educação ambiental e para a produção de seus diversos produtos; e a utilização racional de equipamentos, materiais e utensílios, incluindo a terminologia, requisitos, sistema de rastreabilidade e métodos de ensaio. 

Saiba mais sobre o trabalho do governo do Estado em:http:///www.facebook.com/governopr e www.pr.gov.br