sábado, 26 de setembro de 2015

A verdadeira origem das orquídeas

Fóssil de abelha contendo parte da planta revela que sua existência data da época dos dinossauros

Por: Fabíola Bezerra em Ciência Hoje

Um grande passo foi dado para desvendar a verdadeira história da evolução das orquídeas, que formam a maior de todas as famílias botânicas, com 24 mil espécies espalhadas atualmente pelo mundo. A análise de parte de uma orquídea que estava ligada a um fóssil de abelha encontrado na República Dominicana em 2000 revela que essas complexas plantas surgiram há mais tempo do que imaginavam os biólogos. O estudo, publicado esta semana na revista Nature , indica que as orquídeas podem ter coexistido com os dinossauros.

“Esse foi o primeiro fóssil inequívoco de orquidácea já encontrado”, afirma em entrevista à CH On-line um dos autores do artigo, o biólogo argentino Rodrigo Singer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Singer, que fez parte do estudo junto com pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da Universidade Leiden, na Holanda, foi um dos responsáveis pela interpretação morfológica, taxonômica e funcional da espécie de orquídea fóssil.

O fóssil encontrado consiste em um polinário, isto é, um pacote de pólen aglutinado, a forma pela qual a maior parte das orquídeas libera seu pólen. Esse polinário está ligado à região dorsal (mesoscutelo) de uma abelha fóssil da espécie extinta Proplebeia dominicana . Ambos estão preservados em âmbar e datam do período Mioceno (entre 20 e 15 milhões de anos atrás).

Fóssil de abelha carregando parte de uma orquídea – o polinário – preservado em âmbar. À direita, é possível ver as unidades de pólen aglutinadas no polinário. (Crédito: Nature ). 

A análise do polinário permitiu inferir alguns atributos morfológicos das flores e a forma como eram visitadas e polinizadas pelos insetos. O fóssil de orquídea foi descrito com o nome científico Meliorchis caribea , pertencente à subtribo Goodyerinae, agrupamento que ainda tem representantes vivos na flora atual.

Singer ressalta que as orquidáceas têm alto grau de especialização. Trata-se do grupo mais diversificado de angiospermas (plantas com flores). Segundo ele, a maior parte das orquídeas apresenta seus órgãos reprodutores masculinos e femininos fusionados em uma estrutura chamada coluna. Além disso, têm uma pétala mediana geralmente maior e mais colorida ou destacada, chamada de labelo, cuja função principal é atrair e direcionar os polinizadores.

A evolução dessa interação entre orquídeas e agentes polinizadores, fundamental para a dispersão das plantas, ainda era desconhecida dos biólogos. A descoberta do fóssil de abelha associado ao polinário de uma orquídea permitiu demonstrar a antiguidade dessa relação. “Desde a época de Darwin, os biólogos evolucionários foram fascinados pelas adaptações da polinização por insetos exibidas pelas orquídeas”, diz Santiago Ramírez, pesquisador do Museu de Zoologia Comparada de Harvard e também autor do artigo.

Segundo Ramírez, a descoberta é de grande importância, pois é muito difícil obter o registro fóssil dessas plantas. Elas não florescem freqüentemente e estão concentradas em áreas tropicais, cuja umidade impede o processo de fossilização. Além disso, seu pólen só é disperso por animais – e não pelo vento – e se desintegra em contato com o ácido usado para extraí-lo das rochas.

A equipe também comparou a idade da orquídea com a de fósseis de outras plantas monocotiledôneas para investigar suas relações evolutivas e montar a árvore filogenética do grupo Orchidaceae. Os resultados indicam que o ancestral comum mais recente das orquídeas existentes viveu no período Cretáceo posterior, entre 84 e 76 milhões de anos atrás. “Devido à complexidade da estrutura morfológica das orquídeas, acreditava-se que elas tinham se desenvolvido mais recentemente, em uma época contemporânea à do homem. Diante da idade desse fóssil, percebemos que as orquídeas surgiram muito antes, no período dos dinossauros”, conta o biólogo.

Segundo os pesquisadores, a família das orquídeas era razoavelmente jovem na época da extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos. Eles acreditam que a grande diversificação das orquídeas tenha ocorrido logo após esse evento de extinção em massa que dizimou muitas das espécies do planeta no período entre o Cretáceo e o Terciário.


Fabíola Bezerra 
Ciência Hoje On-line
29/08/2007

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

21 DE SETEMBRO - DIA DA ÁRVORE

Fonte: Brasil Escola

O Dia da Árvore é comemorado em 21 de setembro e tem como objetivo principal a conscientização a respeito desse importante recurso natural.




O Dia da Árvore é comemorado no Brasil em 21 de setembro e tem como objetivo principal a conscientização a respeito da preservação desse bem tão valioso. A data, que é diferente em outras partes do mundo, foi escolhida em razão do início daprimavera, que começa no dia 23 de setembro no hemisfério Sul.
A árvore é um grande símbolo da natureza e é uma das mais importantes riquezas naturais que possuímos. As diversas espécies arbóreas existentes são fundamentais para a vida na Terra porque aumentam a umidade do ar graças à evapotranspiração, evitam erosões, produzem oxigênio no processo de fotossíntese, reduzem a temperatura e fornecem sombra e abrigo para algumas espécies animais.
Além disso, entre as diversas espécies arbóreas existentes, incluem-se váriasplantas frutíferas, como é o caso da mangueira, limoeiro, goiabeira, abacateiro, pessegueiro e laranjeira.
Além de produzirem alimento, as árvores também possuem outras aplicações econômicas. A madeira por elas produzidas serve como matéria-prima para a criação de móveis e até mesmo casas. A celulose extraída dessas plantas, principalmente pinheiros e eucaliptos, é fundamental para a fabricação de papel.Além disso, algumas espécies apresentam aplicabilidade na indústria farmacêutica por possuírem importantes compostos.
Em virtude da grande quantidade de utilizações e da expansão urbana, as árvores são constantemente exterminadas, o que resulta em grandes áreas desmatadas. O desmatamento afeta diretamente a vida de toda a população, que passa a enfrentar erosões, assoreamento de rios, redução do regime de chuvas e da umidade relativa do ar, desertificação e perda de biodiversidade.
Sendo assim, o dia 21 de setembro deve ser visto como um dia de reflexão sobre nossas atitudes em relação a essa importante riqueza natural. Esse dia é muito mais do que o ato simbólico de plantar uma árvore e deve ser encarado como um momento de mudança de postura e conscientização de que nossos atos afetam as gerações futuras. É importante também haver conscientização a respeito da importância da conservação, bem como da necessidade de criação de políticas públicas que combatam a exploração ilegal de árvores.
Curiosidades:
- Cada região do nosso país possui uma árvore símbolo diferente. Observe:
Árvore símbolo da região Norte – castanheira;
Árvore símbolo da região Nordeste – carnaúba;
Árvore símbolo da região Centro-Oeste – ipê amarelo;
Árvore símbolo da região Sudeste – pau-brasil;
Árvore símbolo da região Sul – araucária.
- No Dia 21 de março é comemorado o dia Mundial da Árvore.

Por Ma. Vanessa dos Santos

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Abelhas sem ferrão: manejo correto aumenta produtividade

Por  em CPT

O manejo correto das abelhas sem ferrão aumenta a produtividade das colmeias, melhora a qualidade do mel e gera um bom faturamento para o meliponicultor


criação de abelhas nativas sem ferrão difundiu-se por todo território brasileiro e diversos países de clima tropical. Entretanto, muitos meliponicultores desconhecem as práticas de manejo adequadas que proporcionam aumento de produtividade e bons lucros.
Por tais motivos, o Instituto de Biociências da USP e demais instituições desenvolveram uma pesquisa em 250 propriedades (20 estados brasileiros), onde são criadas abelhas sem ferrão, para avaliar o sistema de criação.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, foi constatada uma grande variedade de espécies de abelhas sem ferrão, como a jataí (Tetragonisca angustula) e a mandaçaia (Melipona quadrifasciata) – na região Sudeste; e a jandaíra (Melipona subnitida) e auruçu (Melipona scutellaris) – na região Nordeste.
Independente da região, os meliponicultores utilizam as mais diversas caixas para implantação das colônias, tanto na criação comercial de abelhas sem ferrão como na criação por hobby. Alguns apicultores produzem apenas 20 litros por ano; outros já alcançam mais de 200 litros. A gritante diferença está no tipo de manejo adotado.
Por isso, torna-se primordial seguir alguns procedimentos simples e práticos paraaumentar a produtividade das colmeias, melhorar a qualidade do mel e gerar um bom faturamento para o apicultor. Um manejo bem eficiente é o que utiliza, por exemplo, xarope ou mel diluído, para alimentar as abelhas no período de escassez de chuvas. Isso amplia o rendimento da criação.
Infelizmente, muitos criadores não interferem na alimentação das abelhas, mesmo na seca, deixando-as aos cuidados da própria natureza. Como consequência, os resultados não são satisfatórios, pois, por falta de alimento, as abelhas não produzem o suficiente.
Outra prática excelente é a coleta do mel com seringas. Além de ser menos invasiva, ela evita o estresse das abelhas, bem como a ação de agentes contaminantes. Por falar em contaminação por microrganismos, não podemos nos esquecer da pasteurização do mel. Este se tornou um método de conservação do mel bastante comum em algumas propriedades.
Por fim, o controle de pragas tende a otimizar a produção das abelhas. Estando saudáveis, as abelhas produzem mel de qualidade. Com isso, o produtor ganha mais, o que o incentiva a multiplicar suas colônias para o sucesso do meliponário.
Por Andréa Oliveira.
Fonte: Agência USP de Notícias.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Estudo monitora abelhas nativas por meio de microchip

25 de agosto de 2015 em Amazônia

Foto: Giorgio Venturieri
Foto: Giorgio Venturieri
Microchips de cinco miligramas e tamanho da metade de um grão de arroz foram instalados em centenas de abelhas nativas de três espécies que passaram a ser monitoradas por meio de antenas instaladas nas colmeias. A tecnologia tem sido empregada em pesquisa na Amazônia que pretende observar se as mudanças na temperatura, na ocorrência das chuvas e na umidade do ar influenciam o comportamento das abelhas e como isso ocorre. Para isso, os dados coletados pelo sistema são cruzados com informações meteorológicas.
Com o monitoramento das atividades desses animais e a relação com informações do ambiente, a pesquisa vai saber se as mudanças climáticas comprometem o trabalho desses insetos que são importantes polinizadores da natureza e de culturas agrícolas. As abelhas com o microchip pertencem ao meliponário científico localizado na Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), e até o momento 700 delas já carregam o sensor.
O trabalho faz parte de uma rede de pesquisa coordenada pelo Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), agência de pesquisa australiana, e Instituto Tecnológico Vale (ITV). As instituições desenvolvem em conjunto, em um apiário em Santa Bárbara do Pará, na região metropolitana de Belém, e na Tasmânia, ilha localizada ao sul da Austrália, trabalho semelhante com abelhas africanizadas, conhecidas cientificamente como Apis mellifera, que têm ferrão e são mais comuns na natureza.
“No ano passado, iniciamos uma experiência com abelhas sem ferrão da Amazônia, mas não chegamos a uma conclusão, pois a amostra era pequena. O fato é que, ao contrário da Apis, conhecemos muito pouco sobre os hábitos dessas abelhas amazônicas. É nesse sentido que entra a expertise da Embrapa com esses animais. Essa parceria é muito importante para entender se há correlação das mudanças climáticas com a diminuição das populações dessas espécies de abelhas”, explica o físico Paulo de Souza, coordenador do estudo e professor-visitante do ITV.
Uma importante constatação já feita pela pesquisa no meliponário da Embrapa é que o retorno das abelhas não é sempre para o mesmo ninho. No meliponário da Embrapa, o pesquisador Gustavo Pessin, do Instituto Tecnológico Vale, especialista em robótica, monitora seis colmeias da espécie uruçu-cinzenta e a primeira análise dos dados mostra que as abelhas não percebem cada caixa como uma colmeia, para elas, as seis formam uma grande colmeia. “A informação é nova para a pesquisa, pois se pensava que a filha de uma colônia X, por exemplo, sempre retornava à colônia X”, completa o pesquisador da Embrapa Giorgio Venturieri.
Estudo inédito com abelhas nativas
A pesquisa está trabalhando com três espécies da região: uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata), uruçu-amarela (Melipona flavolineata) e uruçu-da-bunda-preta (Melipona melanoventer). Daí decorre o ineditismo do estudo, segundo Venturieri. Ele, que é especialista em abelhas nativas e no uso delas para a agricultura, afirma que iniciativas como essa já existem para abelhas com ferrão de raças europeias em outros países, mas para abelhas nativas da Amazônia é uma pesquisa inédita.
Os animais são monitorados por 24 horas, e o chip funciona como um crachá, marcando os horários e a atividade da entrada e saída delas nas colmeias. As informações obtidas nos sensores são relacionadas aos dados climáticos de uma miniestação meteorológica automática instalada do meliponário. “Os dados são analisados em uma nova geração de computadores ultracompactos, que gera relatórios precisos e consistentes”, explica Venturieri. Trabalho que antes era realizado por um técnico, como relembra o pesquisador. “O observador humano permanecia de plantão na porta das colmeias anotando horários de entrada e saída. Havia imprecisão, falhas e impossibilidade do reconhecimento individual de cada abelha”, conta.
Enquanto houver luz solar, as abelhas têm a capacidade de explorar os recursos da natureza. Na região da pesquisa, elas iniciam suas atividades a partir das 5h30 da manhã, normalmente. “Porém a chuva, o calor em demasia e a umidade podem influenciar na atividade externa”, afirma Venturieri. Ele diz que já é possível perceber picos de atividades relacionadas à floração de algumas espécies botânicas, complementadas com análise em laboratório do pólen aderido ao corpo delas, e dessa maneira pode-se determinar qual a planta que ela está visitando, seja num horário típico ou atípico.
Um exemplo é a polinização do açaí, cujo pico de disponibilidade de recursos nas flores é entre 10h e 11h da manhã. A pesquisa pretende comprovar se a atividade externa da abelha coincide com esse horário e, em um segundo momento, saber qual a abelha é mais fiel à planta estada, ou seja, aquela que se alimenta principalmente com recursos oriundos das flores da cultura em estudo. O pesquisador diz que relacionar essas informações otimiza a polinização da cultura e, no caso do açaí, uma boa polinização pode aumentar em 40% a produtividade da palmeira.
O chip funciona por meio da tecnologia RFID, identificação por rádio frequência. E nas colmeias é instalada uma antena ligada a um pequeno computador. A inovação tecnológica agregada ao trabalho, de acordo com Gustavo Pessin, é o tamanho do dispositivo, tão pequeno a ponto de ser carregado por uma abelha nativa (em alguns casos menor que as abelhas europeias produtoras de mel) e não comprometer a autonomia do voo. O pesquisador conta que as abelhas têm suportado bem o sensor, que pesa na faixa de cinco miligramas. “Nossa intenção é diminuir ainda mais o dispositivo para que insetos ainda menores, como as abelhas jataí, possam suportar o sistema”, completa Pessin.
A caminho do rastreamento
O próximo passo da tecnologia é adicionar outras características ao sensor, o rastreamento do voo, por exemplo. “Hoje a gente sabe se ela saiu e se entrou na colmeia, consegue estimar tempo fora, tempo dentro de guarda na entrada, e cruzar com os dados da estação meteorológica, mas não se sabe para onde e quão longe foi. Ainda não podemos determinar o plano de voo das abelhas”, explica Gustavo Pessin. Além de rastrear o voo, a ideia é conseguir captar informações do ambiente no local, ou seja, a temperatura e a umidade do local onde a abelha está indo.
Ele explica que o próximo desafio será o de instalar um novo micro-artefato na abelha para geração de energia e armazenamento de informações. “É o estudo que está sendo conduzido agora, com ajuda do CSIRO da Austrália, coordenado pelo pesquisador Paulo de Sousa”, conta Pessin.
A parceria entre pesquisadores de microeletrônica e de entomólogos é novidade na Embrapa Amazônia Oriental, especialmente quando relacionada aos impactos das mudanças climáticas na agricultura. “A união de expertises em diferentes áreas está possibilitando que a gente explore novas formas de pesquisar com o uso de tecnologias já disponíveis e também a partir do aprimoramento delas”, observa Giorgio Venturieri.
Por: Ana Laura Lima